domingo, 4 de março de 2018

Administração pública afunda no mar revolto da corrupção generalizada


           
É exatamente esse o dramático cenário da administração pública brasileira, montado no país no século XXI. Não existe praticamente nada que envolva as relações estatais com economia privada livre dos negócios e interesses nefastos. A fratura na linha que divide o legal do ilegal encontra-se plenamente exposta na reportagem de Tiago Bronzato, revista Veja que acaba de chegar às bancas. A matéria parte do esquema de corrupção em pleno vigor no Ministério do Trabalho, dominado pela engrenagem do PTB, principalmente na área de contratos de fachada incluindo lobistas, administradores, tornando flagrante a influência do deputado Jovair Arantes, líder do PTB na Câmara, integrante da bancada que apoia o governo Michel Temer.
A liberação de verbas públicas depende do sinal verde de lobistas. Tanto assim que a lobista Verusca Peixoto confessou a Bronzato sua participação no esquema, fato inegável porque configurado em gravações entre lobistas e empresários.
ENVOLVIMENTO – É só folhear as páginas da reportagem para se ter a certeza da profundidade do envolvimento. O episódio sugere que o Presidente Michel Temer esteja presente na leitura atenta da revista.
Mas falei em corrupção generalizada. Neste sábado, Carolina Brígido e Daniel Bulino publicam matéria em O Globo, com grande destaque, revelando despacho do ministro Edson Fachin, do Supremo, mandando apurar se o presidente da República recebeu propina do esquema de corrupção da Odebrecht. Este será, portanto, o terceiro processo que o STF abre contra Michel Temer. Os dois primeiros só não foram à frente porque barrados pela Câmara dos Deputados. Michel Temer transforma-se assim num exemplo único de alguém que presidiu o Brasil sob suspeitas e acusações em série. E ainda falta o depoimento de Rocha Loures, o homem da mala da noite paulista.
PASADENA – A corrupção trás consigo um efeito devastador. Veja-se o caso da compra da Refinaria de Pasadena pela Petrobrás: avaliada em 190 milhões de dólares foi adquirida por 792 milhões de dólares. Veja-se o caso da Refinaria Abreu e Lima: do orçamento inicial de 4 bilhões de dólares, terminou subindo ao patamar de 16 bilhões de dólares. As obras do Maracanã estavam orçadas em 700 milhões de reais; acabaram custando 1 bilhão e 200 milhões de reais.
Os exemplos levam ao infinito, passando pela compra de remédios pelo secretário de Saúde Sérgio Cortes, empilhados até o prazo de perderem a validade, o que falsamente justificou a compra de novos estoques.
Não existe nada na administração federal, nas estaduais e nas municipais que não seja fortemente atingido pela corrupção.
VALE TUDO – E a corrupção acarreta também a elevação do desemprego. Não só pela concentração de renda que provoca, mas também pela substituição de mão de obra empregada por consultorias e assessorias empresariais. A explicação é simples: não pode haver comissão em cima de salários mensais, mas pode haver no superfaturamento contratual.
Não adianta recorrer-se a transparência governamental para se estimar o valor concreto dos contratos. No início, seus preços estão de acordo com os do mercado. Mas há os termos aditivos, que são a fonte vultosa das propinas.
A população do país, perplexa, assiste ao processo do roubo em massa. Só pode fazer uma coisa: protestar pelo voto, nas urnas de outubro. 

Por Pedro Coutto....





 

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