- O LANÇAMENTO DE UMA EDIÇÃO ESPECIAL FAZ PARTE DAS COMEMORAÇÕES -
A esposa de George Harrison , Olivia e seu filho, Dhani, revelaram que eles prepararam uma edição especial do 50º aniversário de All Things Must Pass. A informação foi passada à Rolling Stone, durante uma entrevista sobre o selo de George Harrison, Dark Horse, onde ambos forneceram várias informações interessantes sobre o passado das gravadoras e a carreira solo de Harrison nos anos 1970.
Mas talvez o mais empolgante de tudo seja a revelação da riqueza de material que eles descobriram peneirando os arquivos da gravadora. “Temos pessoas vasculhando montanhas de fitas e elas continuam chegando”, diz Dhani com entusiasmo. “Caixas e mais caixas delas”. Com a estreia solo de George Harrison, All Things Must Pass, completando 50 anos em novembro, Olivia também confirmou que a família Harrison está trabalhando em algo especial para o lançamento. “Muito disso foi pirateado”, disse Olivia referindo-se especificamente ao material da era All Things Must Pas, “mas temos versões melhores. Temos todas as 24 faixas de All Things Must Pass e encontramos muitos takes diferentes e conversas no estúdio”.
Uma série de covers de Bob Dylan, bem como ‘Window, Window’, uma canção escrita por Harrison e Dylan, também foram gravadas nessa época, mas nunca lançadas formalmente. Também informaram que versões expandidas do Concerto para Bangladesh, do álbum Living in the Material World e da controversa turnê de 1974 pelos Estados Unidos estão sendo igualmente consideradas. “A voz dele está muito cansada, mas na minha opinião, soa ótima”, disse Dhani sobre a turnê de 1974. “É áspero e tem textura”, concorda Olivia. “Dá para ouvir a fragilidade em todas as músicas. É uma visão diferente de muitas de suas músicas”.
A esposa de Harrison então sugere que a quantidade de filmagens capturadas nos bastidores durante a turnê “poderia dar um ótimo filme de turnê. A filmagem dos bastidores é incrível e histérica. Passaram-se coisas nos bastidores que não acontecem agora. Agora tudo é tão simples, o oposto de espontâneo”.
A HISTÓRIA DO ÁLBUM ANTOLÓGICO
Não são poucos os fãs que consideram esse disco como o melhor trabalho solo de um Beatle. O grupo havia acabado de terminar e George Harrison achou que era hora de colocar todo seu talento de compositor para fora, frustrado por ter poucas composições próprias nos Beatles.
Assim, lança em 1970 o LP triplo All Things Must Pass, com produção de Phil Spector e uma penca de convidados. Sim, você conhece esse disco, especialmente a clássica canção "My Sweet Lord", um dos maiores hits da história. Um trabalho obrigatório, que teve uma reedição em 2001.
Imagine como era a vida de um Beatle após o fim do grupo. Agora tente imaginar como devia estar se sentindo o tímido e talentoso George Harrison, que foi eclipsado por John Lennon e, principalmente, Paul McCartney. George vinha acumulando canções desde 1966, sendo "The Art of Dying" e "Isn't It a Pity" dessa época. O guitarrista já havia lançado dois discos solos antes de All Things Must Pass: Wonderwall Music em 1968 e Electronic Sound em 1969, mas que eram basicamente instrumentais. George havia oferecido algumas dessas canções aos Beatles para o LP Get Back, sem sucesso.
Com o final do grupo mais importante da história, Harrison resolveu entrar nos estúdio Abbey Road com o produtor Phil Spector para trabalhar seu terceiro LP solo no dia 26 de maio de 1970, seis dias depois da estréia do filme Get Back.
As gravações durariam mais de três meses e George teria a colaboração de dezenas de amigos. Spector foi chamado pelo seu famoso wall-of-sound, um som com muita reverberação e que George queria no disco. Essa técnica seria criticada pelo próprio George quando o álbum teve uma reedição especial em CD em 2001, no texto introdutório.
George passou os primeiros dias apresentando as músicas para Spector, apenas com um violão e acompanhado de um baixista desconhecido. Foram quinze canções, das quais oito seriam retrabalhadas, sendo que algumas delas acabariam não sendo aproveitadas. Uma delas era "Everybody, Nobody", que depois seria rebatizada como "The Ballad of Sir Frankie Crisp".
Para a gravação George contou com uma legião de amigos: Ringo Starr; todo o grupo Badfinger; Eric Clapton, que por razões contratuais não foi creditado no disco; o pessoal do Derek and the Dominos; o baterista Alan White, que tocava na época com John Lennon, antes de entrar no Yes; e o pianista Billy Preston. Também estava presente o amigo de longa data, o baixista e artista Klaus Voorman, que ilustrou a capa de Revolver.
Um adendo: George e Eric haviam excursionando nos últimos meses de 1969 com o combo Delaney and Bonnie e retomado a antiga amizade, abalada quando Clapton "roubou" Patty Boyd, então esposa de George.
Harrison resolveu abrir o disco com uma canção escrita com Bob Dylan em Woodstock em 1968, quando passou uns dias com ele e com o The Band, chamada "I'd Have You Anytime." Segundo George, "fui visitar Bob após aquele acidente em que ele quebrou o pescoço e ele estava muito quieto, parecia sem confiança. Foi isso que senti quando o visitei em Woodstock. Ele mal disse algumas palavras em dois dias. Bem, finalmente começamos a tocar um pouco e foi muito gostoso, com todas as crianças correndo e nós, ali, compondo. Acho que estávamos perto do feriado de Ação de Graças. Ele cantou uma canção, estava muito nervoso e tímido e perguntou o que eu tinha achado. Fiquei surpreso, porque eu adorava as coisas dele. Quando fui para a Índia, alguns anos antes, levei apenas um disco, que era o Blonde on Blonde. Acabei me sentindo mais próximo a ele, porque era alguém tão genial, tão importante e, ainda assim, estava totalmente nervoso e com baixa auto-estima. Aí eu me virei para el e disse 'você escreveu canções brilhantes e ainda me pergunta o que achei?'. Então comecei a mostrar alguns acordes, porque Bob tem uma tendência a tocar acordes bem simples, básicos, enquanto eu pedia que escrevesse uma letra para mim. E assim surgiram rapidamente os primeiros versos."
A canção acabaria sendo terminada por Dylan enquanto ele participava do Festival da Ilha de Wight. George e Bob se encontrariam também em 1969 enquanto Dylan gravava o LP New Morning. George acabaria usando a canção "If Not For You" em All Things Must Pass.
Outra faixa curiosa é "Apple Scruffs". Esse era o nome que os Beatles davam aos fãs mais xiitas da banda, que praticamente moravam nos degraus do prédio da Apple, em Saville Row. George conta que a dedicação deles era tão grande que dois acabaram como empregados da Apple ou dos estúdios Abbey Road. Quando George escreveu a canção os convidou para ouvirem, levando os fãs ao delírio e às lágrimas.
O disco teve uma grande influência: Deus. George estava muito influenciado pelo Hare Krishna. Para demonstrar seu amor, compôs o maior sucesso de sua longa carreira, "My Sweet Lord". Talvez apenas "Imagine" possa rivalizar com essa faixa em todo o catálogo solo dos ex-integrantes dos Beatles. Segundo George, cantar "Hare Krishna" como se fosse um mantra foi fundamental para ajudá-lo a se livrar do vício em heroína. Segundo ele, "Hare Krishna" é mais poderoso do que "Aleluia". "É mais do que glorificar Deus, é pedir para ser o servo dele", dizia o guitarrista.
O curioso é que, enquanto gravava a canção, John Lennon estava no estúdio ao lado, em Abbey Road, gravando seu primeiro disco solo, Plastic Ono Band, cantando frases como "Deus é um conceito no qual medimos nossa dor." E o mais irônico é que nos dois discos participavam Klaus Voorman e Ringo, e ambos foram produzidos por Phil Spector!
George tinha tanto respeito pelos fãs que não deixou a EMI lançá-la como single para não afetar a vendagem do álbum e para não dar gastos extras aos compradores. All Things Must Pass era, até aquela data, o mais caro LP já feito pela gravadora. A música só seria lançada em compacto algum tempo depois. Na América saiu em 23 de novembro de 1970, e no Reino Unido em 15 de janeiro de 1971, chegando ao primeiro lugar nos dois lados do Atlântico.
Lançado em 27 de novembro de 1970, All Things Must Pass foi ao topo na parada de todo o planeta e surpreendeu a todos ao sair em três LPs, com dezoito músicas próprias. O álbum triplo trazia as seguintes faixas: Por Rubens Leme da Costa..............
Nenhum comentário:
Postar um comentário