terça-feira, 19 de maio de 2020

Black Zé: uma jóia raríssima do rock nacional


                                  
- Banda de rock formada no Rio de Janeiro em 1973, mesclava letras e melodias de seu vocalista com uma levada latina e brasileira, além de muita guitarra e percussão - Vez por outra meus ouvidos são presenteados com raridades musicais daquelas de arrepiar até os pelinhos do nariz e melhor ainda é quando estas raridades são nacionais. Se você nunca ouviu falar do Black Zé, prepare seus ouvidos e a sua mente para uma viagem louca!
O Black Zé é daquelas bandas que ao ouvir você se pergunta o porquê de não mais existir, pois é uma tremenda atrocidade que um conjunto de músicos de qualidade tão gritante não tenha feito mais nada juntos, a não ser um único, clássico e raro álbum, que atende pelo nome de Só Para os Loucos... Só Para os Raros e do qual falarei a seguir.
O grupo foi formado em 1973 pelos músicos Luiz Roberto Peçanha (já falecido) nos vocais; o produtor e líder da banda, Richard Brokaw na guitarra e flauta; o compositor Márcio Aguinaga também nas guitas; Thomas Brokaw (irmão de Richard) no baixo; Conde Borromeu na batera e Guilherme Valle (vulgo Bill Valey), que ficou à frente das guitarras na segunda formação da banda.
O som dos caras mesclava o rock com elementos do tropicalismo e uma pitada de blues; tudo muito bem excecutado. Após a morte do vocalista Luiz Peçanha, em 1999, os caras até tentaram voltar à ativa, mas não obtiveram duas coisas essenciais para que uma banda seja reconhecida em seu país: espaço e apoio e infelizmente pararam por aí.
Mas vamos ao que realmente interessa, o clássico – e visionário, diga-se de passagem - disco de 1975, que traz 11 faixas de um rico instrumental e letras absolutamente criativas. Aí você me pergunta, visionário por quê? E eu te respondo: qualquer um que ouvir este disco vai jurar que se trata de um trabalho dos anos 80,auge do rock brazuca, tamanho clima oitentista que o álbum traz, tanto nos vocais como no instrumental, impressão que se concretiza nas faixas Só Para os Loucos (que ganhou regravação da lenda Ventania em 2000), O Dia Virá e o delicioso blues Cilada, com riffs encantadores
 Deste belíssimo trabalho ainda destaco as faixas Onde É, que mais uma vez mostra o engenhoso trabalho nas guitas; Lanterna (um som bastante psicodélico, viagem total junto à letra!) e a instrumental Dueto Rio-Bahia, que traz um trabalho muito bem elaborado de cozinha e guitarras, misturado a um certo swuing brasileiro.
É um disco precioso, daqueles que você deve degustar faixa a faixa e uma verdadeira raridade nacional!
Por Rosa Gomes....

 Integrantes
Luiz Roberto Peçanha: Vocalista e compositor do Black Zé e autor de "Só para os loucos", morreu em 1999. Na década de 80 fez algumas gravações com o guitarrista Lufe Lima, que provavelmente se perderam. Sua música "Só para os loucos" foi usada sem autorização no filme "Com licença, eu vou à luta" (estrelado por Fernanda Torres), numa novela da TV Globo e gravada por vários artistas, como Sodré e Ventania (cantor), que assumiram sua autoria, apesar de a música estar devidamente registrada na Escola Nacional de Musica do Rio de Janeiro sob os seus devidos autores. No único disco do Black Zé, usou o nome artístico Roberto Planta (numa ironia com o cantor da banda Led Zeppelin). Em 1999, morreu vítima de um câncer de pulmão.
> Richard Brokaw: Considerado líder do Black Zé, era guitarrista, flautista e produtor. Nascido na Bahia, filho de pai americano e mãe baiana, Richard cresceu ao som dos atabaques do candomblé e do rock psicodélico dos anos 60. Também conhecido como O Inglês, atualmente é uma atração local da noite de Búzios, RJ.
> Márcio Aguinaga: Guitarrista e compositor foi um dos fundadores do Black Zé. Com Peçanha compôs algumas de suas melhores músicas. Atualmente continua em sua carreira com o projeto MPB Blues, tendo lançado o CD "Vida que segue".
> Thomas Brokaw: Irmão de Richard Brokaw, era o baixista da banda. Atualmente continua em sua carreira como músico, tocando com o Trio Celta.
> Mauro Sant’Anna: Baterista da banda, era conhecido por saber tocar um variado número de instrumentos diferentes. Assumiu o baixo na gravação do LP.
Guilherme Valle - Bill Valley: Guitarrista, fez parte da segunda formação do Black Zé ainda bem novo, e depois tocou no México e em cruzeiros pelo Caribe.

Letra de "Só para os loucos, só para os raros" 

Colhendo cogumelos na varanda de cristal
Avenidas paralelas, rua em forma de espiral
Pisando sempre em flores num pedaço de universo
Espinhos do destino fazem parte do meu verso 

Só para os loucos, só para os raros 

Confesso impressionado, nunca vi coisa igual
O banheiro era um refúgio, um lugar espiritual
A estante era um bidê que continha livros raros
O nautilus no teto, bem em cima do vaso

LP
• Só para os loucos
• Cilada
• Voo do urubu
• Onde é?
• O dia virá
• Sai dessa
• Motel3/Suite presidencial
• As viagens do rei do facão
• Lanterna
• Dueto Rio Bahia
• Fogueira

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