quarta-feira, 29 de abril de 2020

O ROCK ELEGANTE E INOVADOR DA BANDA TRAFFIC


                                      
Uma das melhores bandas da história do Rock surgida na Inglaterra, em meio o boom psicodélico que atingiu o planeta em cheio nos idos de 1967, o Traffic se destacava pelo seu som nada convencional para época, a sua extrema musicalidade e o bom gosto que abria espaço para o uso de mellotron, sitar e arranjos de instrumentos de sopro. Vamos conhecer um pouco de sua história.
 Em meados de 1967, o cantor e tecladista do Spencer Davis Group, Stevie Winwood (nascido Stephen Lawrence Winwood em 12 de maio de 1948 em Handsworth, Birmingham, Inglaterra), o saxofonista, flautista e tecladista Chris Wood (nascido Christopher Gordon Blandford Wood em 24 de junho de 1944 em Quinton Birminghm, Inglaterra) do Locomotive, mais o baterista e cantor Jim Capaldi (nascido Nicola James Capaldi em 2 de agosto de 1944 em Evesham, Worcestershire, Inglaterra) e o guitarrista e cantor Dave Mason (nascido David Thomas Mason em 10 de maio de 1946 em Worcester, Inglaterra), ambos do The Hellions fizeram uma jam session no The Elbow Room, clube de Aston, Birmingham e gostaram muito da brincadeira. Como resultado, cada um deles deixou suas respectivas bandas para iniciar um novo projeto musical, ao qual batizaram de Traffic, sugestão do batera Capaldi enquanto a banda o esperava num cruzamento de tráfego em Dorchester [daí o nome escolhiido: Traffic = tráfego]. Alugaram uma casa num vilarejo rural em Aston Tirrold, Berkshire, para ensaiar e compor material para seu reperótio. Essa ação mostrou ser vital para o desenvolvimento do trabalho.
Nesse mesmo ano, a banda assinou com a Island Records onde gravou seu primeiro single, Paper Sun (composição de Winwood e Capaldi), primeiro clássico deles. O compacto fez muito sucesso no Reino Unido e ficou em quarto lugar no Canadá. Hole in My Shoe (Mason), segundo single, também lançado em 1967, também estourou nas Ilhas Britânicas, assim como o terceiro compacto Here We Go Round the Mulberry Bush, que fez parte da trilha sonora do filme homônimo (no Brasil, a Arte de Conquistar um Broto). Em dezembro de 1967, saiu Mr. Fantasy, álbum de estreia da banda, com destaque para Dear Mr. Fantasy (Capaldi, Winwood, Wood), Heaven is on My Mind (Capaldi, Winwood, Wood) e Dealer (Capaldi, Winwood). Pouco antes do lançamento do LP, Dave Mason deixou o Traffic alegando diferenças artísticas.
Em 1968, Mason voltou à banda e eles começaram a gravar seu segundo álbum, autodenominado. Destacam-se no disco as músicas You Can All Join In (Mason), Pearly Queen (Capaldi, Winwood) e Feelin’ Alright (Mason), que foi um grande sucesso nas versões de Joe Cocker, Three Dog Night e Grand Funk Railroad. Pouco antes de saírem em turnê, houve um novo desententimento entre eles, pois enquanto Mason queria continuar no viés psicodélico/eclético, o restante do Traffic preferia um som mais calcado no Folk e no Blues. Resumo da ópera: nova saída do guitarrista, fazendo com que Stevie, Chris e Jim tocassem como trio nos compromissos da banda.Nessa época, Winwood e Wood participaram das sessõe de gravação do álbum Electric Ladyland do Jimi hendrix Experience, assim como um não-creditsdo Dave Mason
Em 1969, parecia que o quarteto tinha entrado num ententimento mútuo, o que permitiu a volta de Dave no terceiro álbum do Traffic, Last Exit. Gravado em estúdio e ao vivo, o LP apresenta como destaque as faixas Just For You (Mason), música que Dave tinha lançado em seu primeiro single solo, após sua primaira saída do Traffic, além de Shanghai Noodle Factory (Winwood, Capaldi, Wood, Jimmy Miller, Larry Fallon) e Feelin’ Good (Anthony Newley, Leslie Bricusse). Houve uma nova quebra na banda, mas dessa vez quem pediu o boné foi Stevie Winwood, que alegou que o Traffic estava começando a ficar parecido com sua antiga banda, o Spencer Davis Group. Ele formou o eêmero Blind Faith com Eric Clapton e Ginger Baker (egressos do Cream) e o baixista Ric Grech (Family) – ver matéria aqui. O restante deles formou o Wooden Frog ou Mason, Capaldi, Wood & Frog com o tecladista Mick Weaver (também conhecido como Wynder K. Frog), também de curta duração.



Em 1970, depois de fazer parte do Ginger Baker’s Air Force, Stevie começou a trabalhar seu álbum solo, John Barleycorn Must Die, contando com a participação de Jim Capaldi e Chris Wood. De comum acordo, resolveram tornar o projeto o quarto álbum do Traffic. Este foi o maior sucesso comercial da banda, que teve como destaque as músicas Glad (Winwood), Empty Pages (Capaldi, Winwood) e John Barleycorn (Must Die) (tradicional, arranjado por Winwood). Nesse ano, o trio aresolveu ampliar seu line up chamando Ric Grech (nascido Richard Roman Grechko em 1º de novembro de 1946 em Bordeaux, França), colega de Winwood no Blind Faith, para o baixo.



Em 1971, Dave Mason se reencontrou com os companheiros e o Traffic gravou o álbum ao vivo Welcome to the Canteen, se convertendo num septeto após as entradas do baterista norte-americano Jim Gordon (nascido James Beck Gordon em 14 de julho de 1945 em Los Angeles, California, EUA), ex-Derek & The Dominoes (superbanda formada por Eric Clapton) e do percussionista ganense Rebop Kwaku Baah (nascido Anthony Kwaku Baah em 13 de fevereiro de 1944 em Konongo, Gana). Na capa do disco aparece o nome dos sete músicos, pois a United Artists recusou-se a colocar o nome Traffic (pois lembrava tráfico de drogas). Destacam-se as músicas Forty Thousand Head Men (Mason), uma releitura de Dear Mr. Fantasy (do primeiro álbum da banda) e Gimme Some Lovin’ (Spencer Dais, Winwood,Muff Winwood), cover da banda original de Stevie Winwood, Spencer Davis Group. O disco foi um verdadeiro fracasso no Reino Unido e marcou a derradeira participação de Dave Mason na banda, que saiu (de novo!) logo em seguida.



No mesmo ano, a banda lançou seu quinto álbum de estúdio, The Low Spark of High Heeled Boys, que tem, pela primeira vez na história do Traffic, duas faixas contando com o batera Capaldi nos vocais principais: Light Up or Leave Me Alone (Capaldi) e Rock and Roll Stew (Ric Grech, Jim Gordon). Outros destaques são a faixa-título (Capaldi, Winwood) e Rainmaker (Winwood, Capaldi). Embora tenha ficado no Top 10 das paradas dos EUA, o disco não figurou nos charts britânicos, mas deu a eles um Disco de Ouro. Brigas internas fizeram com que Ric Grech e Jim Gordon deixassem a banda e Stevie teve que se afastar pra tratar de uma peritonite aguda. Jim Capaldi aproveitou o hiato de atividades da banda para gravar seu primeiro álbum solo, Oh How We Danced.
Em 1972, as vagas deixadas por Grech e Gordon foran preenchidas por David Hood (nascido em 21 de setembro de 1943 em Sheffield, Alabama, EUA) e Roger G. Hawkins (nascido em 16 de outubro de 1945 em Mishawaka, Indiana, EUA), respectivamente. A dupla fazia parte da cozinha da banda do legendário estúdio Muscle Shoals, verdadeira insitituição do Soul. Com Winwood plenamente recuperado de sua doença, eles fizeram uma turnê nos EUA no começo do ano. Em seguida, começaram as sessões do sexto álbum do Traffic, Shoot Out at the Fantasy Factory, que teve a maioria das músicas escritas pela dupla Capaldi/Winwood como a faixa-título e Roll Right Stones.
O disco foi lançado no ano seguinte, mas embora tivesse sido um grande sucesso de vendas, foi massacrado pela crítica. Houve uma grande turnê de divulgação, contando com a participação de um tecladista extra, Barry Beckett (nascido em 4 de fevereiro de ‘943 em Birmingham, Alabama, EUA), outra fera do Muscle Shoals. Eles aproveitaram alguns shows para gravar o segundo álbum ao vivo da banda, o duplo On The Road, lançado ainda em 1973. Apesar do êxito da turnê, Rebop Kwaku Baah, David Hood e Roger Hawkins saíram do Traffic assim que o compromisso terminou. Finalmente um trabalho da banda figurou novamente nos charts do Reino Unido.
Em 1974, a banda lançou When The Eagle Flies, seu sétimo álbum de estúdio, contando com o baixista jamaicano Rosko Gee no lugar de David Hood. Não houve substituição para a vaga deixada por Hawkins e o Traffic voltou a contar apenas com Jim capaldi como baterista. Novamente, o disco contou com a maioria das músicas compostas por Stevie e Jim, com destaque para Something New, Graveyard People e a faixa-título. Fizeram bonito nos charts dos EUA, mas um sucesso moderado em sua pátria. Em seguida, saíram em uma das mais lucrativas turnês da história da banda, com ingressos esgotados em todos os shows. Porém, a banda estava exausta fisica e emocionalmente. Stevie voltou a ter problemas recorrentes com a peritonite e Chris estava sofrendo com sua luta contra a dependência química. Num show em Chicago, o tecladista e líder do Traffic chegou ao pico de sua insalubridade e abandonou o palco, deixando os colegas aturdidos. No dia seguinte, deixou a turnê sem avisar ninguém. O resto da banda optou por cancelar os demais compromissos agendados e dar um ponto final ao Traffic.



Stevie Winwood e Jim Capaldi partiram para bem sucedidas carreiras solo, enquanto Rosko Gee se juntou a Rebop Kwaku Baah, ex-percussionaista da banda, integrando o Can, banda alemã de Rock Progressivo. O batera Capaldi casou-se com a modelo brasileira Ana E S Campos em 1975 e mudou-separa o Brasil em 1977, descobrindo o cantor Marcelo (do hit Abre Coração, de autoria de Capaldi). Chris Wood, apesar de seus problemas com álcool e drogas trabalhou com seus ex-companheiros Rebop Baah e Jim Capaldi em trabalhos solos deles. O ex-guitarrista Dave Mason trabalhou como músico de estúdio e de apoio com feras como Paul McCartney, George Harrison, Rolling Stones, Jimi Hendrix, Eric Clapton, Michael Jackson, David Crosby, Graham Nash, Fleetwood Mac, Delaney & Bonnie e Cass Elliot, além do prórpio ex-colega de Traffic, Steve Winwood. Em 1983, o Traffic perdeu dois de seus membros: Rebop Baah faleceu em 12 de janeiro, vítima de hemorragia cerebral enquanto que Chris Wood, o talentoso soprista partiu para o Grande Palco no dia 12 de julho, vítima de pneumonia, meses após a mrote de sua esposa, fato que o abalou profundamente.



Em 1994, 20 anos após o fim do Traffic, Stevie Winwood e Jim Capaldi, membros da formação clássica da banda, se reuniram para uma inusitada turnê abrindo os shows do Grateful Dead, icônica banda dos anos 60, depois que um fã da banda californiana comentou via mensagem de voz que seria legal seo Traffic fizesse um show com eles. Para completar a banda para os shows, foram recrutados o baixista Rosko Gee (que fez parte da banda em 1974), o flautista e saxofonista Randall Bramblett (nascido em 1948 em Jesup, Georgia, EUA), o tecladista Michael J. McEvoy (nascido em 29de agosto de 1961 em Camden County, Nova Jersey, EUA), também na guitarra e viola e o baterista e percussionista Walfredo Reyes, Jr. (nascido Walfredo de los Reyes Palau IV em 18 de dezembro de 1955 em Havana, Cuba), que fez parte do Santana. No mesmo ano, Stevie e Jim lançaram o álbum inédito Far From Home, contando com a participação de Davy Spillane (nascido em 6 de janeiro de 1959 em Dublin, Irlanda) na gaita de foles irlandesa e Mick Dolan na guitarra ritmica. Voltaram aos projetos inidividuais e Capaldi fez uma turnê com o ex-colega Dave Mason em 1999. Em 2001, o batera e cantor gravou uma versão em inglês do hit Anna Julia do Los Hermanos, que contou com a participação de George Harrison na guitarra solo, um dos últimos trabalhos do Beatle, falecido naquele ano.



Em 15 de março de 2004, o Traffic foi introduzido no Rock and Roll Hall of Fame, contando com a participação dos membros sobreviventes da formação clássica Winwood, Capaldi e Dave Mason, que contaram com a presença de Stephanie Wood, irmã do falecido Chris Wood para receber a honraria. Uma reunião do trio era cogitada desde então, mas infelizmente, no dia 28 de janeiro de 2005, Jim Capaldi faleceu, vitimado por um câncer no estômago. Nesse mesmo ano, foi lançado o álbum ao vivo The Last Great Traffic Jam com vários momentos da turnê de reunião de 1994, que Stevie dedicou ao querido e saudoso amigo. Em 2007, aconteceu o concerto beneficente Dear Mr. Fantasy, dedicado à memória de Jim Capaldi e ao Traffic, com renda revertida para a The Jubilee Action Street Children Appeal. Além de Stevie Winwood, participaram feras como Pete Townshend (The Who) e Paul Weller (The Jam), entre outros. O evento saiu em DVD em 2011.
 

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