
- O histórico e sensacional álbum “Satwa”que Lula Côrtes & Laílson lançaram em 1973 é o primeiro disco independente do Brasil, uma obra pioneira marcada pela ousadia e simplicidade. -
Som transcendental e viajante totalmente acustico, Lula no tricórdio e Lailsson na craviola (viola de 12 cordas)
Instrumental, com pequenas incursões vocais, o disco traz dez canções “produtos mágicos das mentes e dedos de Lailson e Lula”, como diz na contra-capa do álbum, produzido pela dupla, mais Kátia. Além dos de Lula e Lailson, Robertinho de Recife também faz uma ponta no disco, tocando ‘lead guitar’ em ‘Blue do Cachorro Muito Louco’, um blues lento e viajandão.
O som predominante do disco, no entanto, é um folk nordestino/oriental, resultado da mistura da cítara popular tocada por Lula, e da viola de 12 cordas de Lailson. Algo como uma sucessão de ragas ou mantras, interpretadas por Cego Aderaldo movido a incenso, cogumelos e outros “expansores da musculatura mental”, como diz Arnaldo Baptista.
ENCHARCADO DE PSICODELISMO
Lula Côrtes, grande gênio da psicodelia mundial tinha apenas 61 anos quando faleceu no dia 26 de março de 2011, deixando um legado imenso para a nossa cultura.
Cantor, músico e compositor, na década de 1970 foi um dos primeiros a fundir ritmos regionais nordestinos com o rock and roll, juntamente com Zé Ramalho e outros artistas.
Seu instrumento principal é o Tricórdio que é a cítara popular de Marrocos,mas era multi-instrumentista (violão, baixo, guitarra, citara, harpa) mas da década de 80 pra frente começou a cantar também suas próprias composições com sua poesia fantástica.
Obra: Em 1972, lança, com Laílson, o LP Satwa (Rozemblit, Recife); em dezembro de 1974, termina a gravação do álbum duplo “Paêbiru”, com Zé Ramalho, mas o álbum não é lançado porque a gravadora Rozemblit, foi atingida por uma grande enchente; LP O Gosto Novo da Vida (Ariola); LP Rosa de Sangue (Rozemblit; não chegou ao mercado por conta de briga jurídica com a gravadora); LP A Mística do Dinheiro (gravado pela Rozemblit mas nunca lançado); LP O Pirata (gravado em São Paulo e também nunca lançado); LP Nordeste, Repente e Canção (Discos Marcus Pereira); CD Lula Cortes & Má Companhia (1997).
É, também, pintor e lançou livros de poesia, entre os quais “Bom Era Meu Irmão, Ele Morreu, Eu Não”.
História:
Tudo começou em 1973, com a gravação de ‘Satwa’, o primeiro disco independente da história da música popular brasileira. Esse disco foi gravado nos estúdios da extinta gravadora Rozenblit em Recife, com Lailson tocando craviola, Lula Côrtes no tricórdio (instrumento marroquinho)e com participação de Robertinho do Recife nas guitarras. O disco foi pouco divulgado e recém descoberto e lançado nos Estados Unidos. Lailson virou cartunista e ganhou vários prêmios com o novo ofício.
Depois disso Lula Côrtes gravou o antológico ‘Paêbiru’ com Zé Ramalho. Disco baseado nas escritas de Pedra do Ingá, no sítio arqueológico de Ingá do Bacamarte. Esse disco é peça raríssima do cancioneiro brasileiro. Quando foi prensado, em 1975, Lula Côrtes levou 300 cópias para casa, onde morava com a cineasta Kátia Mesel. O resto foi destruído por uma enchente que inundou a gravadora Rozenblit. Por isso o disco ficou com essa áurea de mito, lenda urbana etc, e as cópias lançadas na época são vendidas a peso de ouro nos sebos e leilões da vida.
Na década de 80, Lula gravou ‘O Gosto Novo da Vida’ e ‘Rosa de Sangue’, outra raridade que não foi comrcializada por causa de uma briga com a gravadora, Rozenblit. No final da década, Lula juntou-se com Jarbas Mariz (atual parceiro de Tom Zé) e gravou mais um disco instrumental, em que a psicodelia é ponto forte. Esse disco tinha o intuito de alcançar o sagrado através da música primordial, de acordo com a expressão ‘Bom Shankar Bolenajh’, que deu título ao álbum. O disco tem participação de Paulo Ricardo (ex-RPM), Alberto Marsicano, e Oswaldinho do Acordeon.
Nos anos 90, Lula conheceu a banda do guitarrista Xandinho, ‘Má Companhia’, que tocava covers de clássicos do rock setentista, e juntos lançaram um disco em 1995. Em 1997, outro disco, ‘A Vida Não é Sopa’, gravado ao vivo, que foi lançado alguns anos depois (por isso a diferença de datas aqui e no link). Fica ai o resultado da união de grandes expoentes do rock pernambucano, Xandinho com a banda ‘Má Companhia’ e Lula Côrtes, dono de uma discografia cheia de álbuns antológicos.
Lula Côrtes ainda tem outros discos em sua vasta discografia, que não constam aqui, como ‘Nordeste, Repente e Canção’, lançado pelo selo Marcus Pereira, e outros inéditos como ‘A Mística do Dinheiro’ e ‘O Pirata’. Além de outros dois discos com a banda ‘Má Companhia’, ‘Ao Vivo no Teatro do Parque’ e ‘Ao Vivo no Curupira’. Do Woodstocksound.wordpress.com ...
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