A harpista galesa Catrin Finch e o senegalês tocador de kora Seckou Keita se conheceram por acaso em 2012, quando Keita foi chamado para substituir Toumani Diabaté nos ensaios para uma turnê com Finch. Um golpe militar em Mali tinha impediu Diabaté de deixar o país a tempo, então Keita interveio para ajudar a preparar o repertório com Finch – uma artista clássica que nunca tinha visto ou ouvido uma kora antes. De sua parte, Keita, mestre na arte de lidar com o kora senegalês e griota da descendência real, não lia música. Uma maravilhosa parceria musical nasceu assim.A talentosa harpista Catrin Finch é conhecida como a “Rainha dos Harps”. Ela serviu como Harpista Real do Príncipe de Gales, excursiona largamente como solista e com as melhores orquestras do mundo, e trabalha para promover a harpa para o público jovem através de a Academia Catrin Finch . Seckou Keita vem da região de Casamance , no sul do Senegal. Sua mãe, Fatou Bintou, era filha de Jali Kemo Cissokho, de uma das famílias griot mais reverenciadas do Senegal . Griots são os contadores de histórias e músicos que servem como historiadores tradicionais na cultura africana.
Tanto Finch quanto Keita tocam harpas, mas de diferentes continentes e tradições. A harpa galesa se parece com as harpas britânicas e irlandesas, mas maiores. Como eles, é tocado com os dedos e sem pedais, como se veria na grande harpa de concerto francesa usada em orquestras sinfônicas. A tradicional kora da África Ocidental, representada na Guiné, no Senegal e no Mali, é uma grande cabaça com 21 cordas e um longo pescoço redondo de madeira. Com pele de cabra cobrindo a cabaça e muitas vezes decorada com bordados elaborados, a kora é um dos mais belos instrumentos que conheço. Tanto a harpa galesa quanto a kora fazem parte das tradições folclóricas das Ilhas Britânicas e da África Ocidental.
De sua colaboração casual em 2012, Finch e Keita perceberam que suas duas tradições musicais eram talvez mais parecidas do que aparentavam. A harpa é o instrumento nacional do Senegal e do País de Gales, e os dois continuaram a trabalhar juntos depois que Finch completou a turnê com Diabaté. Seu lançamento de estréia em 2013, Clychau Dibon, celebra a harpa, com o kora se misturando perfeitamente com a harpa galesa.
O segundo álbum da dupla que tem o nome de SOAR , foi lançado em abril do ano passado e é maravilhoso. O título do novo álbum é inspirado no osprey , um grande raptor que retornou ao País de Gales no início dos anos 2000, após 400 anos de ausência. Ospreys costumavam migrar anualmente da África Ocidental para os estuários do País de Gales, uma viagem de 3.000 quilômetros. Finch e Keita compuseram e nomearam a primeira faixa do álbum, “Clarach”, após a primeira filmagem de Dyfi Osprey ser gravada no País de Gales após a migração em 2016. As águias pescam o País de Gales com a África Ocidental e simbolizam a ligação histórica entre instrumentos de dois artistas e seu som único.
No SOAR , Keita e Finch continuam a explorar e celebrar as diferenças e semelhanças entre seus instrumentos e culturas. Seus duetos musicais são intricados e etéreos, cheios de um som filigranado e leve. Suas composições e arranjos originais combinam perfeitamente elementos africanos e ocidentais. Eu particularmente gosto da faixa “Bach to Baisso”, na qual eles começam com um trecho das Variações de Goldberg de Bach antes de mudarem organicamente para uma melodia africana de Baisso .
A parceria fascinante entre Finch e Keita resultou numa mistura de duas culturas musicais diferentes, mas similares, para criar uma experiência alegre, vibrante, sensível e altamente espiritual. "Algumas pessoas gastam muito dinheiro com substâncias ilegais para atingir o tipo de experiência que essa música evoca" gratuitamente.
De Tom Schnabel....
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