BRAZILIAN OCTOPUS – Brazilian Octopus - 1969 - Imagine reunir numa mesma banda músicos de orientações tão diversas, como o bruxo dos mil instrumentos Hermeto Pascoal, o herói da guitarra pós-tropicalista Lanny Gordin, o bossanovista Cido Bianchi (ex-pianista do Jongo Trio e do Milton Banana Trio), o violonista Olmir Alemão Stocker e o jazzista Nilson da Matta. Esse encontro inusitado aconteceu mesmo, mais exatamente em 1968. Marca um capítulo pouco conhecido da história da nossa música instrumental, intitulado Brazilian Octopus, e resultou num álbum homônimo que hoje é disputado por colecionadores.
O Brazilian Octopus foi formado em São Paulo, no início de 1968, por iniciativa de Lívio Rangan, o todo-poderoso diretor de eventos da Rhodia. Por sinal, o Brazilian Octopus já nasceu com uma regalia incomum no mercado musical da época: um contrato de trabalho por um ano, que incluía três meses de ensaios pagos. Da primeira formação, além de Bianchi (piano e órgão), Lanny (guitarra) e Alemão (violão e guitarra), participavam também Douglas de Oliveira (bateria), João Carlos Pegoraro (vibrafone), Carlos Alberto Alcântara (sax tenor e flauta), Cazé (sax alto) e Matias (contrabaixo).Apesar de suas trajetórias diversas, quase todos os integrantes do grupo já se conheciam da noite paulistana, especialmente da boate Stardust (dirigida pelo pai de Lanny), onde Hermeto, Bianchi e Alemão tocavam com freqüência. Hermeto Pascoal compôs dois temas, que aparecem entre as 12 faixas do hoje raríssimo LP Brazilian Octopus: Rhodosando e Chayê, fusões de música pop com o ritmo cubano do chá-chá-chá.
Outros integrantes do grupo também contribuíram com composições próprias: Alemão (Canção Latina, parceria original com Vitor Martins, que já tinha conquistado o segundo lugar no Festival Internacional da Canção do México), Pegoraro (a jazzística Summerhill) e Lanny (a singela O Pássaro). A gravação desta última, por sinal, acabou provocando um bate-boca no estúdio entre Hermeto e os técnicos de som. “Como essa música tinha uma linha melódica repetitiva, ele escreveu um contracanto tocado por duas flautas, para variar um pouco. Só que, na hora da mixagem, o contracanto tinha sumido da gravação. O Hermeto ficou tão bravo que queria pegar o técnico”, diverte-se o saxofonista Carlos Alberto, lembrando também que o bruxo de Lagoa da Canoa não aparece na capa do disco porque não pôde comparecer à sessão de fotos. Um funcionário da agência de propaganda Standard, que gerenciava a conta da Rhodia, foi fotografado ao piano. Assim como um velhinho, um cachorro e uma criança, que não tinham nada a ver com a gravação mas aparecem na capa. A sessão de fotos foi realizada num terreno descampado, cuja aridez lembrava a superfície da Lua – referência à então badalada corrida espacial entre os Estados Unidos e a União Soviética.
Produzido por Mário Albanese e Fausto Canova, o álbum do Brazilian Octopus inclui ainda arranjos das conhecidas Casa Forte (de Edu Lobo), Pavane (Gabriel Fauré), Canção de Fim de Tarde (dos bossa-novistas Walter Santos e Thereza Souza), Gosto de Ser Como Sou e Gamboa (ambas de Mário Albanese e Ciro Pereira), que exploravam uma característica sonoridade produzida pelas flautas com o vibrafone, o órgão e as guitarras.......
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