
- “Criaturas da Noite” foi um marco para o rock nacional e colocou a banda o Terço para sempre na história -
Um dos discos mais importantes da história do rock brasileiro está completando quarenta e quatro anos de existência. Trata-se do clássico maravilhoso ‘Criaturas da Noite’, do grupo O Terço, lançado originalmente em 1975, com arranjos de Rogério Duprat e capa de Antônio e André Peticov. Com a sua sonoridade mais orientada para o folk e rock, ‘Criaturas da Noite’ é o disco de ‘rock progressivo’ brasileiro mais vendido na Europa e no Japão, até hoje. O disco traz os sucessos ‘Hey Amigo’, ‘Queimada’ e a faixa título, além da longa peça ‘1974’.Este disco fascinante ganhou por completo o público mais descolado e os roqueiros brasileiros por ocasião do seu lançamento, além de ter sido muito bem recebido também por quem era mais ligado em Música Popular Brasileira, afinal nos saudosos anos 70, as pessoas realmente ligadas num bom som, praticamente não tinham preconceito em relação a música. A capa do disco foi elaborada por Antônio e André Peticov e foi chamada de “A Compreensão”. O disco começa com o pulsante baixo de Magrão, introdução do simples rock “Hey Amigo”, composição de Cezar de Mercês que se tornou um dos maiores clássicos da banda. A influência do rock rural é bastante presente nas faixas “Queimada” e “Jogo das Pedras” (ambas de Flávio Venturini e Cezar de Mercês). A belissíma faixa-título “Criaturas da Noite” (Flávio Venturini / Luiz Carlos Sá), conta com os arranjos de orquestra do maestro Rogério Duprat. O disco traz as instrumentais “Ponto Final” (do baterista Luiz Moreno, que toca piano na introdução da música) e a suíte instrumental “1974″, composta por Flávio Venturini e que fecha com chave de ouro como o maior destaque do disco e já foi eleita a melhor música em todas as enquetes feitas pelos fãs do grupo. Visando mercado internacional, a banda gravou o vocal deste disco em inglês e lançou o “Creatures of the Night”. O disco Criaturas da Noite é até hoje uma das maiores referências entre os discos de rock progressivo nacional e internacional também. Alguns o consideram o maior disco deste gênero no país.
‘Criaturas da Noite’ teve uma edição cantada em inglês, desconhecida no Brasil, lançada no Chile, Argentina e na Europa (Itália e Portugal). No Brasil, saiu apenas raríssimo compacto, com as músicas ‘Shining Days, Summer Nights’ (Criaturas da Noite) e ‘Fields On Fire’ (Queimada), pelo selo Copacabana, um ano depois. No início dos anos noventa, a edição em inglês foi reeditada pelo selo italiano Vinyl Magic, junto com ‘Casa Encantada’.
Um dos mais expressivos grupos dos anos setenta, O Terço nasceu da fusão de várias formações que atuaram em meados dos anos sessenta, na Jovem Guarda, nos programas de rádio, televisão e nos circuitos de shows e de bailes no Rio de Janeiro. Sérgio Hinds integrava o Hot Dogs, com Paulinho Jobim, primo de Tom, na bateria, que chegou a ter um programa próprio de rádio, chamado ‘Hot Dogs Show’, na Rádio Roquete Pinto. Do Joint Stock Co., vieram Vinícius Cantuária, Jorge Amiden, César das Mercês e Sérgio Magrão, que também integraram o núcleo histórico do grupo, em seus melhores trabalhos.
Por volta de 1968, Sérgio Hinds, Jorge Amiden, Vinicius Cantuária - o trio original dos dois primeiros álbuns - e mais dois músicos, integravam o grupo Os Libertos, que mantinha sua base no Rio de Janeiro, mas viajavam pelo país. O nome, O Terço, surgiu antes da gravação do primeiro álbum, depois que o nome Os Libertos foi vetado pela censura, que fez o mesmo com outras sugestões, como Santíssima Trindade. Em 1970, depois de gravar o primeiro disco, O Terço participa e ganha o Festival de Juiz de Fora, com a música ‘Velhas Histórias’, compacto retirado do primeiro álbum, inaugurando ao vivo, e com sucesso, o novo nome da banda.
Em seguida, gravam um segundo disco, e participam do Festival Internacional da Canção (FIC), classificando as músicas ‘Tributo Ao Sorriso’, em uma edição do festival, e ‘Visitante’, em outra, e também nos shows do Som Livre Exportação. Em 1973, o grupo troca o Rio de Janeiro por São Paulo, onde fixam residência e gravam, um ano depois, ‘Criaturas da Noite’, lançado em 1975 e eleito o melhor disco daquele ano pela crítica especializada. Além do raro primeiro disco, de ‘Criaturas da Noite´e de ‘Casa Encantada’, o grupo ainda gravou o ótimo ‘Mudança de Tempo’.
Integraram o grupo, em suas diferentes formações, além dos fundadores Sérgio Hinds, Jorge Amiden e Vinicius Cantuária, os músicos César das Mercês, Sérgio Magrão, Flávio Venturini, Luiz Moreno, Sérgio Kaffa, Ruriá Duprat, Zé Português e Franklin, entre outros. A discografia oficial do grupo inclui os discos ‘O Terço’ (69), ‘Terço’ (72), ‘Criaturas da Noite/Creatures of Night’ (75), ‘Casa Encantada’ (76), ‘Mudança de Tempo’ (78), ‘Som Mais Puro’ (82), ‘O Terço’ (90), ‘Memória da Música Brasileira’ (92, coletânea), ‘Time Travelers’ (92), ‘Live At Palace’ (94). Também merece registro o compacto com ‘Visitante’, ‘Adormeceu’, ‘Doze Avisos’, ‘Mero Ouvinte’ e ‘Trecho da Ária Extraída da Suíte em Ré Maior – Bach’ (71).
Com informações de Fernando Rosa - editor de Senhor F.
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