Nos últimos tempos, além do prazer imensurável, a audição do disco “Journey In Satchidananda” lançado em 1970 pela maravilhosa harpista e pianista Alice Coltrane, tem sido um reforço considerável para que eu possa compreender e suportar de forma mais digna o peso que a vida as vezes despeja sobre os nossos ombros.
Logo de cara, Alice, que como todos sabem foi casada com o gênio do Jazz, John Coltrane, avisa que ela deseja que essa gravação seja uma forma de meditação e um despertar espiritual para aqueles que ouvem o ouvido interno.
E o desafio prazeroso de se aventurar pelos labirintos sedosos e envolventes que as canções desse disco nos oferece, acaba confirmando que a Alice descobriu como atingir a espiritualidade sem religião e sem regra alguma, tendo apenas a música para lhe auxiliar.
A partir das primeiras notas, percebemos que seu título não engana , "Journey in Satchidananda" é uma jornada real , um álbum que nos transporta instantaneamente para um lugar exótico e desconhecido e que desperta nossos sentidos e espiritualidade , transformando sua audição em uma experiência Isso transcende o musical.
A composição que abre e dá o nome ao álbum é apenas o início do caminho ... Alice Coltrane combina sua harpa com tambura (instrumento de cordas indiano tradicional) por Tulsi para conduzir um tema em que o contrabaixo, por Cecil McBee e o Uma rica percussão, de Rashid Ali e Majid Shabazz , criam uma atmosfera envolvente de tranquilidade e harmonia. É aqui, nessas correntes sonoras e sonoras, que Pharoah Sanders flui como um peixe na água,marcando o caminho a seguir com o seu saxofone soprano. Como Alice descreve, a inspiração para criar a música veio diretamente da relação com seu mestre espiritual, Swami Satchidananda , de quem ele escreve: "É o primeiro exemplo que vi nos últimos anos do Amor Universal ou Deus em ação. Eu expresso um amor impessoal, que engloba milhares de pessoas. Qualquer um que ouça essa seleção deve tentar imaginar-se flutuando em um oceano do amor de Satchidanandaji ... "
A experiência espiritual do artista, a religião hindu e a própria Índia são elementos de influência ao longo do álbum, inspirando melodias como "Shiva-Loka" ou "Parada Bombay" . Além de um "pequeno" tributo a sua grande influência e marido, "Algo sobre John Coltrane" é, em suas próprias palavras, "... um tema que não soará desconhecido para os seguidores de John e que é interpretado lindamente " Alice Coltrane fica como artista com sua própria personalidade e esmagadora ...
Caos organizado, calma confusa ou "vanguardista" acessível ... "Journey in Satchidananda"é um paradoxo delicioso e místico que não só o seu marido John Coltrane teria ficado orgulhoso.
Para finalizar, lembro que esta obra é fortemente inspirado pelo guru indiano Swami Satchidananda e que Alice Coltrane teve ao seu lado, os músicos: Pharoah Sanders (saxofones e percussões), Vishnu Wood (oud), Charlie Haden (baixo) e Rashied Ali (bateria) . De uma coisa pode ficar certo, mesmo se você não for ligado no espiritual, raramente um disco irá fazer você pairar tão alto (lembre-se de fechar as janelas antes de aumentar o volume!), como “Journey In Satchidananda. Boa viagem....
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