
Esqueça o Erasmo Carlos da fase infantilóide da Jovem Guarda. Aqui você dá de cara com um artista maduro, ousado e demonstrando todo o seu amor pelo Rock. “1990 Projeto Salva Terra” é um discaço e o mais Rock ‘n’ roll cru da melhor fase da carreira dele que vai de 1971 a 1974. Erasmo é meio queimado por ser sempre associado ao Roberto, sendo que muitas das composições assinadas pela dupla eram por motivos contratuais
Claro que eles compuseram juntos muitas letras boas, principalmente as românticas, mas o Erasmo sempre foi mais rockeiro que o Roberto, sempre foi o Bad boy da jovem guarda fazia muitas Rockabillys e tal.
Na sua fase setentista ele adquiriu influências de Tropicalismo, folk rock, psicodelia, Acid rock, funk, soul, jazz, samba, samba rock, Hard Rock e sem deixar a sua veia rockabilly em várias canções como Bom Dia Rock n roll do disco Sonhos e Memórias de 1972, onde ele menciona sua paixão pela música de Chuck Berry, Jerry Lee Lewis e Elvis Presley.
No álbum “1990 Projeto Salva Terra”lançado em 1974, rolam uns folks também bem chapantes, umas baladas e uma versão “Jethro Tul”l de Negro Gato com flautinha e tudo mais , mas o que predomina é o Hard Rock e o Rockabilly, ah também rola um samba a clássica Chachaça Mecânica
Excelente trampo de guitarras a cargo de Gabriel O’Meara (O Peso) nas linhas mais Hard e blues e Jorge Amiden (ex-O Terço), nas partes mais folks e psicodélicas
No disco predomina um exercício de futurologia em nome do persistente pacifismo de Erasmo, a faixa-título exala a sutil ironia do compositor: "Em 1990, a crise era demais / As pessoas enlatadas não podiam mais lembrar da paz / Às vezes Deus era lembrado por sua falta". Nele, há também composições inéditas, escritas com Roberto. Entre eles, o irresistível Harold, o Robô doméstico e o clássico Eu Sou uma Criança e não entendo nada.
Além do tom em 1974 sobre o futuro, que parece irônico, do título de "1990 - Project Saves Land", o cara era realmente um visionário. Ele disse em uma entrevista que o rock no Brasil não morreria tão cedo, mas inovaria, para ter outros nomes, que são naturais para diferenciar os vários gêneros e as várias subdivisões musicais. Certo, não era a única voz daqueles dias, mas uma importante voz brasileira.
Mas o que importa é que não só o rock resistiu e permanece, mas que o próprio Erasmo sobreviveu a suas viagens físicas e mentais, influenciando e reinventando-se, com seu gênio, criatividade, lucidez e abertura para as novas gerações de fãs, músicos e artistas. Já vemos e reconhecemos nele não apenas um artista completo, mas um assunto fantástico que manteve o essencial do passado para ser revisado e cultivado.
Erasmo Carlos é uma figura histórica no rock brasileiro, reconhecido por muitos como o pai do estilo brasileiro, ao lado de Raul Seixas, é claro.
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