segunda-feira, 12 de março de 2018

45 ANOS DE “CLOSING TIME”, O PRIMEIRO ÁLBUM DE TOM WAITS


      
1973. Estamos nos dias de glória da música pelo mundo, com o rock vivendo uma fase monumental, o Jazz traçando novos caminhos e o som Pop provando que dava para ser comercial, sem no entanto perder a graça e a personalidade.. Nesse ano, discos memoráveis foram lançados, bandas com propostas inovadoras surgiam por todos os cantos do planeta. É também nesse ano, 1973, que surge em disco uma das figuras mais bizarras e estranhas da música popular. Tom Waits teve, em “Closing Time”, o álbum de estreia de um artista que tem na sua coleção de discos já editados, algumas das melhores obras da cultura pop das ultimas décadas. Ainda sem antever esse futuro, “Closing Time” era o álbum de estreia de um homem, que, aos 24 anos já tinha a música como uma fonte de vida.
Uma vida cheia de experiências, que até já teve direito a biografia (editada em 2000 por Cath Carrol), Tom Waits ainda não tinha com esse álbum de estreia definido rumos. Esses rumos começam a ganhar contornos mais fortes dez anos depois, em “Swordfishtrombones”, para muitos o melhor álbum de Waits. Criador de personagens, de histórias, de enredos, Tom Waits cria-se sempre a si mesmo e, com isso, é uma figura incontornável e um songwriter soberbo. Tom Waits é daqueles artistas que, mesmo sem serem muito conhecidos, são alvo de respeito por parte de quem conhece o seu nome. É um nome que inspira e transborda a veneração, mesmo por quem que não conheça uma única música da sua já extensa obra. Tom Waits tem o seu espaço na música, é um “outsider” cheio de ousadia estética, mas que pratica uma forma conservadora de escrita de canções.

Neste primeiro álbum, Tom Waits ainda não tinha uma personalidade totalmente vincada, essa personalidade surgiu anos mais tarde. Contudo, os traços que depois se reafirmaram e reajustaram começavam aqui a brotar. A voz ainda não encontrara o seu caminho definitivo, não tinha características muito próprias, ainda não existia um sentido de teatralidade, posteriormente muito reforçado com a rouquidão, não podíamos dizer com certeza absoluta ao ouvir uma música sua: “Este é o Tom Waits”.

“Closing Time” é um álbum de fim de tarde, explora traços da folk, do jazz, do blues, e demonstra um eloquente sentido de arte final nos arranjos. Jerry Yester teve também uma grande importância na produção do álbum, que conseguiu perfeitamente misturar nas malhas das músicas os diferentes estilos pelos quais o álbum é desenvolvido. Apesar de pouco conhecido no seio da indústria, “Ol’55”, talvez a música mais conhecida de Tom Waits e uma das melhores que encontramos neste “Closing Time” chegou mesmo a ter uma versão por parte dos Eagles. O álbum é depois guiado por baladas, talvez das melhores que encontremos em toda a sua extensa obra. As baladas são reconfortantes, fazem-nos aquecer quando o frio aperta, envolvendo-nos e aquecendo-nos. O piano de Waits é único, disso não restam nenhumas dúvidas.

“Closing Time” é um clássico. Só por isso, merece ser ouvido. Mas se dissermos que é o primeiro álbum de Tom Waits, que é diferente de todos os outros, as coisas ainda ficam mais interessantes. Numa comparação a traços rápidos, se tal for possível, direi que “Closing Time” é como a água: tão simples que se torna bela. Com informações de Tiago Gonçalves...

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