
- Em Lindo Sonho Delirante, o jornalista Bento Araújo assina resenhas sobre cem discos de uma fase importante da música brasileira -
O lançamento do disco-manifesto Tropicalia ou Panis et Circencis é considerado o marco-zero na psicodelia da música brasileira. Foi o arrebatamento necessário para impulsionar a hibridização musical e a experimentação poderosa, que marcaram o início de um novo momento cultural do País. Foi oxigênio, posto no meio de uma Ditadura Militar.
O jornalista Bento Araújo lembra no livro Lindo sonho delirante – 100 discos psicodélicos do Brasil (1968-1975) -, lançado no fim de 2016, que a renovação da nossa linguagem artística aconteceu a partir da Semana de Arte Moderna de 1922. “A vanguarda abriu alas para o modernismo através de uma ebulição de novas ideias totalmente libertas”, diz. Mas, assim como aconteceu na Semana de Arte Moderna, grande parte da mídia rechaçou o tropicalismo.
Isso, contudo, não impediu que diversos artistas, músicos e cantores timbrassem a história cultural do País com discos e shows de tirar o fôlego. Ronnie Von foi uma destas pessoas, com sua trilogia psicodélica de discos (Ronnie Von, A Misteriosa Luta do Reino do Parassempre contra o Império do Nunca Mais e A Máquina Voadora), desviando dos caminhos que encontrou na Jovem Guarda. Os Mutantes, Ave Sangria, Arnaldo Baptista, Novos Baianos, Som Imaginário, Quarteto Nova Era, Alceu Valença, Jards Macalé, Perfume Azul do Sol e tantos outros músicos e grupos lançaram trabalhos, formando a geleia geral – como diria Gilberto Gil – da psicodelia brasileira.
Em seu Lindo Sonho Delirante, Bento fala sobre 100 discos deste momento histórico da nossa música. Nas mais de 200 páginas, o jornalista e pesquisador resenha cada um dos trabalhos escolhidos, que, de alguma forma, flertam com esse período. “Meu intuito sempre foi ser bem abrangente, até porque o psicodélico é algo bem subjetivo, tem um conceito que pode ser bem elástico”, conta o autor. “Eu trago a cena em retrospecto no livro. Ele mostra que a cena existiu, apesar de não ter sido festejada na época”, diz, lembrando que foi um período bastante negligenciado na história da música nacional.
O primeiro a aparecer na lista é Giberto Gil, de 1968, segundo disco solo do cantor e compositor, lançado em pleno AI-5. Nas faixas do LP, o baiano trazia participações de Os Mutantes, do maestro e arranjador Rogério Duprat, do produtor Manoel Barenbein e do artista gráfico Rogério Duarte. Na outra ponta do livro está um dos mais raros e aclamados discos da música brasileira, o underground Paêbirú: Caminho da Montanha do Sol, lançado em 1975 em uma parceria histórica de Zé Ramalho e Lula Côrtes.
Recorte temporal
Segundo lembra o jornalista, a cena psicodélica teve sua ebulição no Brasil durante os anos 1960 e 1970, mas, até hoje, os respingos daqueles tempos influenciam músicos e fazem surgir belíssimos trabalhos. Era preciso, contudo, delimitar um recorte temporal, para que o livro conseguisse dar conta. Para resenhar os discos e fazer um levantamento de informações, Bentoconversou com muita gente e resgatou entrevistas realizadas com artistas e produtores para sua revista Poeira Zine.
“De qualquer maneira, é impossível assegurar que as informações são 100% corretas. Por isso, aproveito para, de antemão, pedir desculpas por qualquer possível erro contido no livro”, alerta em um aviso inserido no livro. “É que eu já tinha colhido muitas entrevistas para o fanzine. Mas tem artista que ficou meio maluco, por causa das drogas. Tem artista que diz uma coisa e a gravadora diz outra, além de produtores que tem várias versões”, explica ao Leituras da Bel.
Saiba mais
O título Lindo Sonho Delirante (que as iniciais remetem ao LSD) foi emprestado do disco homônimo do argentino radicado no Brasil, conhecido como Fábio. A música é uma parceria dele com Carlos Imperial.
O livro só foi viabilizado após uma campanha de financiamento coletivo, realizada no site Catarse e encerrada no dia 16 de agosto do ano passado, quando arrecadou R$ 84.261, superando em 187% a meta de R$ 45 mil.
Comentários sobre o livro na imprensa
“Durante dois anos, o jornalista, pesquisador e colecionador Bento Araujo resolveu se embrenhar pelo mundo da psicodelia brasileira. Além das críticas dos 100 discos, o livro traz muitas histórias que ajudam a entender um dos períodos mais inventivos da produção musical brasileira, que chega à mente manifesta não só através dos alucinógenos mas também do transe antropofágico representado pelo tropicalismo. É um mapa super interessante da música mais criativa produzida no país durante dos anos de chumbo da ditadura. Um lindo mapa do Brasil psicodélico.”
Bravo
“Para compor Lindo Sonho Delirante, Bento Araujo, o paulistano da Pompeia – bairro de origem da banda Os Mutantes – valeu-se de rigorosos critérios de seleção, de forma que fosse possível compilar pontualmente toda a magnitude e relevância do movimento sem correr o risco de que trabalhos substanciais fossem excluídos da obra.”
Rolling Stone
“O jornalista, pesquisador e colecionador de LPs, Bento Araujo, olho sempre vivo nos porões do rock brasileiro, está lançando Lindo Sonho Delirante. No livro, cada álbum ganha uma página para as considerações do autor, que aparecem também traduzidas para o inglês. Há desde discos que o tempo tornaria obrigatórios, até álbuns, sobretudo fora da Tropicália, que seguiriam nas sombras.”
Estadão
“Lindo Sonho Delirante, livro do jornalista Bento Araujo, promove uma viagem cronológica às experimentações estéticas da música brasileira dos anos 1960 e 70. O livro desmonta, por meio da análise de cem álbuns e compactos, o equívoco de afirmar que, exceto as produções das grandes estrelas da MPB e do samba, os anos 1970 foram uma década perdida para a música produzida no País. Se a viagem empreendida por nossa música é bem maior do que muitos imaginam, o flashback promovido nas páginas de Lindo Sonho Delirante é mais que bem-vindo. Lisergia sem bad trip. Bate legal.”
Brasileiros
“Um dos episódios de maior criatividade — e também um dos mais negligenciados — da história da MPB volta à tona no livro Lindo Sonho Delirante: 100 Discos Psicodélicos do Brasil 1968-1975, do jornalista e pesquisador Bento Araujo. Com textos em português e inglês, a obra traz resenhas dos 100 discos.”
O Globo
“Lançado pelo jornalista Bento Araujo, o livro Lindo Sonho Delirante joga luz à existência de uma cena psicodélica (e criativa) na história da música brasileira. A coleção de um Brasil alucinado.”
Diário do Nordeste
“O jornalista Bento Araujo lança seu primeiro livro, Lindo Sonho Delirante: 100 discos psicodélicos do Brasil. Na obra, o autor analisa e contextualiza dentro da perspectiva da psicodelia 100 discos e compactos lançados entre os anos de 1968 e 1975 no Brasil. Em sua seleção, Bento Araujo começa pelo tropicalistas com o disco-manifesto Tropicália ou Panis et Circensis (1968) e segue até o álbum Paêbirú, álbum icônico e raro de 1975 lançado pelos músicos Lula Côrtes e Zé Ramalho. Com textos em português e inglês, o livro apresenta uma miscelânea entre discos conhecidos, totalmente desconhecidos, raros e cultuados entre colecionadores de discos.”
Itaú Cultural
“Lindo Sonho Delirante faz um recorte daqueles que teriam sido os principais lançamentos do subgênero doidão do rock no Brasil. O livro vai além de matar uma eventual curiosidade, pois Araujo resgata nomes importantíssimos do período.”
Zero Hora
“Trata-se de uma obra que já nasce essencial para fãs de música hoje em dia. Lindo Sonho Delirante vai da psicodelia protocolar, digamos assim (Tropicália, Mutantes), até a obscuridade, em um exaustivo trabalho de curadoria.”
O Tempo
“Lindo Sonho Delirante, livro do jornalista Bento Araujo, conta a história da música experimental produzida no Brasil até 1975 e reúne 100 discos clássicos do gênero”.
Correio Braziliense
Com informações de Isabel Costa do Blog Opovo
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