quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

LANÇADA UMA COLETÂNEA INCRÍVEL DA DUPLA SIMON & GARFUNKEL



Acaba de ser lançada uma coletânea imperdível da dupla genial Simon & Garfunkel, responsável por uma trajetória incrível no mundo da música. O CD reúne 24 canções inesquecíveis e que marcara, de forma intensa a carreira deles iniciada em meados dos anos 60 com absoluto sucesso no mundo todo. Essa é uma excelente oportunidade para você matar saudades de clássicos antológicos como The Boxer, The Sound of Silence, El Condor Pasa, Cecília, Homeward Bound, América, Bridge Over Troubled Water entre tantos outros sons eternos da música Folk.

É engraçado mas se a gente observar com paciência vai notar que no mundo da música e especialmente no rock, seja qual for a vertente, normalmente os grandes legados saíram da cabeça de pelo menos duas pessoas, ou seja, de duplas.
E também na maioria das vezes, a coisa funciona de forma complementar – “arroz com feijão”: Iommi/Butler ; Plant/Page ; Ulrich/Hetfield ; Simmons/Stanley ; Rose/Slash ; Richards/Jagger ; Waters/Gilmour ; Tyler/Perry ; Dickinson/Harris ; Lee/Lifeson, Lennon/McCartney e é claro, a dupla, composta pelos americanos nascidos em 1941 chamados Paul Simon e Art Garfunkel.
Simon & Garfunkel, assim como a grande maioria dos exemplos acima, também trazem uma característica muito comum com duplas geniais: as desavenças, desentendimentos, separações, reencontros, separações, reencontros… e vem sendo assim desde 1957, quando eles, que já gravavam desde 1955, formaram um grupo chamado “Tom & Jerry” (o famoso desenho é de 17 anos antes, a propósito) e conseguiram seu primeiro hit com “Hey, Schoolgirl”. Aos mais curiosos, Garfunkel era o Tom, e Simon, obviamente, Jerry…
Logo de cara, já se observava o ponto mais alto da dupla: a incrível harmonia dos vocais – uma combinação realmente perfeita – novamente, “arroz e feijão”. Apesar de ser uma característica especialmente popular nos anos 60, Art e Paul realmente se destacavam.
Estes novaiorquinos que se conheceram em 1953, na escola, gravaram sucessos atrás de sucessos na riquíssima década musica de 1960. Entre eles “The Sound Of Silence” (1964), “I Am A Rock” (1965), “Homeward Bound” (1965), “Scarborough Fair/Canticle” (1966), “A Hazy Shade Of Winter” (1966), “Mrs. Robinson” (1968), “Bridge Over Troubled Water” (1969), “The Boxer” (1969) e “Cecilia” (1969), conseguindo diversas indicações e premiações mundiais, como Grammys, Rock And Roll Hall Of Fame, entre outros, sem contar os diversos estúdios que usam, até hoje, as composições deles para suas películas, e tantos artistas que coverizaram seus medalhões.
A dupla teve sua primeira separação ainda no meio da década, com Simon se mudando para o Reino Unido e começando a gravar materiais solo, mais foco no estilo folk. Enquanto isso, na América, as rádios começavam a receber solicitações para tocarem “The Sound Of Silence”. Ao saber, no início de 1966, que o som da dupla já atingira o primeiro lugar nas paradas, Simon retorna aos Estados Unidos. Em junho de 1967, a dupla se reencontra para tocar no Monterey Pop Festival.
Há uma história curiosa sobre “Mrs. Robinson”: a dupla praticamente escreveu a trilha sonora para o filme “The Graduate“, de 1967. Mesmo com inúmeras contribuições, o produtor pediu para eles gravaram mais 3 músicas. A gravação do filme estava acabando e Simon só tinha uma nova música e que, com os compromissos ao vivo dele, não tinha tempo para contribuir mais. Mas ele acabou mostrando alguns acordes de uma nova música, dizendo que esta específica não era para o filme, e que se tratava de tempos passados, de Mrs. Roosevelt e Joe DiMaggio. Foi quando o diretor do filme, Mike Nichols, lhe disse: “agora a música é sobre Mrs. Robinson, não Mrs. Roosevelt”.
A partir de 1969, os conflitos entre a dupla se afloraram. O álbum “Bridge Over Trouble Water” foi lançado no auge da tensão, com Simon se recusando a gravar coisas que Garfunkel queria, e vice-versa. O álbum, que teria 12 músicas no planejamento, foi lançado com uma faixa a menos. Mesmo assim, a faixa-título, foi um hit massivo nos EUA, sendo um dos álbuns mais vendidos da década e ficando 6 semanas na liderança dos charts e muitas outras na lista. O disco ainda trouxe outros sucessos atemporais da dupla e ajudou a dupla a atingir mais e mais sucesso.
Mesmo com a nova separação deles em 1970, com o lançamento de uma coletânea de 1972, a dupla conseguiu uma grande marca: o Greatest Hits vendeu 14 mihões de cópias nos EUA, se tornando o álbum mais vendido de duplas.
Simon continuou escrevendo com sucesso (crítica e comercial) em sua carreira solo, tendo o Graceland como o ponto mais alto (1986) – ainda que, pessoalmente, o início dela, a fase world music, não seja de minha predileção ; já Garfunkel dividia seu tempo entre gravações solo e colaborações, com o disco Watermark (1977) como destaque. Mas, mesmo assim, nada como apreciar arroz E feijão…
A dupla teve inúmeras reuniões, como em 1972, para um concerto beneficente no Madison Square Garden ; 1975, com uma aparição no programa Saturday Night, da NBC ; 1977, no próprio disco Watermark, onde Simon e James Taylon “emprestaram” suas harmonizações para o disco de Garfunkel e 1981, quando novamente Simon contribuiu para a música “In Cars” do álbum Scissors Cut de seu eterno parceiro.
Tais reencontros da banda, quando ao vivo, sempre culminaram em enormes shows. Em 1981, a dupla tocou para mais de meio milhão de pessoas no Central Park, com direito a transmissão pelo HBO e lançamento em home video (“The Concert in Central Park”), já com o single e cover “Wake Up Little Susie” no tracklist. A dupla chegou a excursionar pelo mundo em 1982/1983 após o sucesso deste show.
Entre reencontros e contribuições, a dupla voltou a ter um grande reencontro em 1990, no Rock And Roll Of Fame, e em 1993, entre outras aparições, 21 shows sold out em NY, sendo estes shows metade Simon e banda e a metade final Simon & Garfunkel.
Em 1991 (o principal motivo deste post vem agora), Paul Simon fez sua primeira e única visita ao nosso país, com 2 shows: o primeiro na Praça da Apoteose, no Rio, em 24/nov/1991. O outro, em São Paulo, no dia 01/dez/1991, no Ginásio do Ibirapuera. Lembro-me do meu pai e uma tia minha conversando sobre o show na terra de garoa. Eu tinha 9 anos de idade, mas, “por tabela”, já ouvia Paul Simon solo e coisas da dupla e queria ir ao show. Infelizmente, por restrição de idade, não pude ir. Mas eles foram e gostaram bastante do que viram.
E foi também em 1991 que Paul Simon repetiu o show de 10 anos atrás no Central Park. Este show, entretanto, foi bem menor que com Garfunkel – a expectativa de por 600.000 pessoas não se confirmou, sendo que Simon tocou para cerca de 100.000 presentes. De qualquer forma, o show culminou em um lançamento de um CD duplo, o que eu com certeza mais ouvi na vida de Paul Simo. Tenho um apreço muito grande a ele e trago abaixo uma foto dos discos. O show contou com diversos convidados, entre eles, o brasileiro grupo OLODUM. Curiosamente, é o único show que, por motivos contratuais, nunca foi lançado oficialmente em DVD (e blu-ray agora).
A dupla só foi ter um novo reencontro 10 anos depois quando, em 2003, tocaram na abertura do Grammy Awards. Nesta oportunidade, eles foram premiados com o Grammy Lifetime Achievement Award. Este reencontro rendeu outra tour deles pela América do Norte por 2 meses, que foi chamada de “Old Friends”. A tour foi muito bem-recebida e ganhou “encore” com mais de 25 shows pela Europa – e um final digno: mais de 600.000 (!) pessoas os assistiram no lado externo do Coliseu, em Roma, Itália – um público ainda maior que o lendário show de 1981 em NY. A tour resultou no lançamento de CD e DVD e com uma nova música de estúdio, “Citizen Of The Plane”, uma das rejeitadas de 1983 e que não tinha o vocal de Garfunkel.
Ambos novamente tocaram juntos em 2007, em uma premiação onde Simon introduziu seu amigo, e em 2009 onde Paul Simon, em show solo, chamou seu antigo companheiro para um encore. Ainda em 2009, novo reencontro, novamente no Rock And Roll Hall Of Fame, com Simon tocando inclusive uma versão para Here Comes The Sun, homenageando George Harrison, e depois a dupla se reunindo para mais 3 músicas. A performance da banda pode ser conferida em DVD / blu-ray (que possui extras interessantes, inclusive com eles cantando Mrs. Robinson/Not Fade Away).
Em 2010, a dupla se reuniria principalmente para datas no Canadá, mas a tour foi cancelada e Garfunkel começou a ter de lidar com problemas nas cordas vocais…
Paul Simon e Art Garfunkel tinham tudo para encerrar suas carreiras com a harmonia que sempre identificou seus vocais ao longo dos últimos 50 anos. Mas harmonia é algo que, tudo indica, sempre passou ao largo das relações pessoais e profissionais desses dois músicos americanos. Nos palcos ou fora deles, nos estúdios ou não, pequenas tiranias permearam a vida de ambos.

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