GENTLE GIANT - Gentle Giant – 1970 - Essa banda dotada de intensa musicalidade fazia um som que exigia muito do ouvinte, ou seja, a sua música não era para qualquer um, era sim voltada para quem tinha “ouvidos livres” e não se intimidava perante uma dose de experimentalismo e ousadia sonora. Apesar do rótulo de anticomercial, o Gentle Giant marcou época, destravando janelas e abrindo portas para o novo tempo que surgiu no mundo das artes com a chegada da década de 70
Este excelente álbum de estréia do Gentle Giant é marcante, original e de longe o mais acessível disco dentre os clássicos da banda. A história do Gentle Giant começa com uma banda chamada de "Simon Dupree and the Big Sound" formada em 1966 por 3 irmãos: Phil, Derek e Ray Shulman, o pai também era músico e faziam muitos ensaios juntos, chegando inclusive a gravar um álbum, "Presentin Simon Dupree and the Big Sound" editado pela Capitol Records. A formação era: Derek nos vocais, Ray na guitarra, Phil no saxofone, além de Tony Ransley nas baterias e Pete O´Flaherty no baixo.Pelo final de 1969, os Shulmans terminaram a Simon Dupree e lançaram seus olhares sobre o crescente fascínio do meio musical por uma música mais criativa, inteligente e complexa que viria a ser chamada de rock progressivo. Surgia então em 1970 o "Gentle Giant" junto com Martin Smith, Kerry Minnear, e Gary Green, para se tornar uma das maiores bandas no gênero.
O novo grupo começou a fazer um som mais experimental e instigante, reservado à um seleto grupo músicos inovadores, tais como "Pink Floyd", "King Crimson", "Van der Graaf Generator", "Le Orme", "ELP", etc., e distinto da maioria do que se conhecia em termos de música. Dentre as características marcantes do grupo incluíam, vocais múltiplos e dessincronizados, (As estruturas internas criadas para cada uma das vozes, contribuíam separadamente, para a estrutura polifônica), rápidas mudanças de tempo, compassos de alta complexidade diversificados dentro duma mesma canção, melodias extensivamente elaboradas, e com harmonias frequentemente contrastando devido à dissonância.
O vasto uso de instrumentos musicais não convencionais, como instrumentos medievais e renascentistas (Clavicórdio, Cravo, Alaúde, Harpa...) e até mesmo criados pelos próprios membros (como o "Shulberry", inventado por Derek Shulman), foi outro componente distintivo à maioria de sua época. Estruturas musicais contrapontísticas tipicamente associadas à música erudita clássica, como fugas e madrigais, e música erudita contemporânea atonal do começo do século XX.
Letras complexas, recheadas de conteúdo altamente conotativo, de difícil interpretação e compreensão, por vezes fantásticas, muitas delas fazendo referências a livros, como os do autor francês François Rabelais (escritor prestigiado por alguns membros da banda). Muitos críticos comparam a inovação do "Gentle Giant" para o rock progressivo com a que os "Beatles" representaram para o rock na década anterior.
"Gentle Giant" é conhecida como a banda de rock progressivo paradigmático, uma referência do segmento. Com uma musicalidade incomparável, eles foram tão longe como nunca ninguém o fez dentro do gênero no âmbito experimental, navegando sobre a música clássica de câmara, medieval, symphonic prog, jazz, rock e blues. A capacidade destes músicos multi-instrumentistas deu um caráter tão dinâmico à sua música, que estabeleceu parâmetros para várias gerações chegando até os dias de hoje. Eles exploraram moogs, Mellotrons e Fender Rhodes como poucos. Já para não falar de outros instrumentos como oboés, violinos, violoncelos, harpas, entre outros. A banda foi capaz de vivenciar a gloriosa década de 70, estabelecendo novos níveis ao rock progressivo de excelência com obras-primas como "Three Friends", "Octopus", "In A Glass House", "The Power And The Glory" e "Free Hand", evoluindo o seu estilo ao longo dos anos e mantendo a qualidade como poucas bandas conseguiram fazer.
Foi o único álbum da banda na lista da Billboard 200, ocupando o 48º lugar. Dentre os destaques, há criações da mais pura beleza e refinamento, como a introdução de “Funny Ways“, um dos maiores clássicos da banda e um trabalho simplesmente estupendo no arranjo de cordas, e a belíssima "Nothing At All". Boa audição!
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