terça-feira, 30 de novembro de 2021

OBRA IRRETOCÁVEL DO ROCK BRASILEIRO

O TERÇO - Mudança de Tempo 1978 - Esse trabalho é emblemático na carreira do O Terço, depois de conceberem verdadeiras preciosidades com formações distintas e principalmente o trabalho 'Criaturas da Noite', disco prestigiado com destaque inclusive no exterior, o grupo novamente estava reunido com outra formação, dessa vez sem um dos seus principais integrantes, o tecladista e compositor Flávio Venturini, responsável pela criação de grandes músicas dos álbuns anteriores, mais notadamente '1974', a obra-prima do grupo.
Sem a presença do músico mineiro, muitas dúvidas pairavam no ar sobre a continuidade do trabalho da banda e se a mesma teria fôlego para a manutenção da sua grande qualidade musical, porém da mesma forma que diversos grupos importantes dos anos setenta, a perda de um elemento fundamental não acarretou na perda de sua identidade sonora já estabelecida, até porque os outros membros permaneceram e com essa formação sólida: Sérgio Hinds - guitarra e vocal, Sérgio Magrão - baixo, Sérgio Caffa - teclados e baixo, Cezar de Mercês - guitarra, violão, flauta e vocais e Luís Moreno - bateria e vocais o grupo lançou 'Mudança de Tempo'. Os arranjos ainda contaram com a presença do mestre Rogério Duprat, peça imprescindível nas engrenagens do grupo.
'Mudança De Tempo' tem estreita relação com o período que o país vivia, com a ditadura militar tolhindo a liberdade das pessoas, o direito de ir e vir e censurando textos, arte e atitudes. A mistura de violões com guitarras é sensacional e a bateria do Moreno está deslumbrante, aqui temos outro solo do Hinds de arrepiar e o disco termina dessa forma, justamente num solo de guitarra, até porque não podia ser de outra maneira pra coroar a estupenda performance desse grande guitarrista.
Uma pena que o relacionamento tisnado entre Hinds e Mercês, com desavenças pendentes até os dias atuais, fizeram com que a maiorias das músicas desse belo trabalho ficassem esquecidas nas apresentações ao vivo ao longo dos anos, já que praticamente todas são composições de autoria do Cezar de Mercês.
O detalhe da capa é outro ponto positivo a se destacar, apresentando os integrantes do grupo com expressões apreensivas, ladeados pelas grades de uma janela diante de um tempo ruim do lado de fora, esperando justamente a mudança de tempo que sempre está por vir, podendo ser interpretada tanto para o contexto político por qual o país passava, como para a própria trajetória da banda que necessitava de revitalização após a saída de Venturini... mesmo sem obter o mesmo sucesso e admiração da crítica e público com relação aos trabalhos anteriores, é inegável que essa obra também engrandece a trajetória do O Terço pela qualidade musical aqui demonstrada.
Por Gibran Felippe no ProgBrasil....

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