segunda-feira, 5 de abril de 2021

O DISCO QUE CELEBRA O ENCONTRO DE DUAS CULTURAS.......

                                    

BINA & EHUD - Samba de Gringo - Vol.1 - 2004 - Esse é mais um caso que só vem comprovar a tese de que o Brasil não valoriza como deveria a sua verdadeira cultura musical. Os músicos notáveis, Bina Coquet (grande guitarrista brasileiro) e o ótimo organista norte-americano Ehud Asherie, densenlveram um maravilhoso Projeto Musical que levou o nome de Samba de Gringo, que resultou na criação de dois excelentes álbuns. O primeiro disco reluz o clássico formato "Organ Jazz Trio", comum na década de 60. Phil Stewart comanda a sessão rítmica.

Apresentam traços de música cubana, frevo, mas o samba é quem tem o poltrona central reservada. Ehud explana com os dedos no seu venenoso orgão hammond. Bina e sua guitarra com timbres aloprados, marcam seu território e preenche todos os vãos. Um disco sem igual, tão ilustre que levaria fama de um presente recém-chegado da gringa. Composições de João Gilberto, Orlandivo, Luiz Gonzaga e Marcos Valle fazem parte do repertório. O samba chegou no sapatinho mais uma vez e o resultado foi uma ardente fusão do Jazz com o Samba. Explorados pela guitarra do paulistano Bina Coquet e pelo Hammond B3 do nova-iorquino Ehud Asherie. Uma síntese sensacional que ilustra bem a riqueza cultural e musical permutada pela ponte São Paulo-New York. Desde a primeira audição, o projeto "Samba de Gringo" apresenta todas as características de um som único, que remete à elétrica insanidade de Jimmy Smith, Wes Montgomery e Walter Wanderley - em nossa terra, parece com a funkeada Ari Borger Quartet (outro que merecem toda atenção). A dupla faz parte do time selecto da gravadora Urban Jungle - mesma da Céu, Curumin, Sonantes e Buguinha Dub. São os coringas do baralho: valiosos e extraordinários. Seduzem desde os mais desprevenidos ouvintes do samba, aos mais misteriosos críticos da musica erudita. O gringo Ehud carrega a responsa do jazz, improvisando e extrapolando como pede o figurino. Já o brazuca Bina, agrega valores fiéis ao samba, cheio de repiques e sacolejos. Esta seria uma opção, ao menos, arriscada, afinal, são dois gêneros bastante distintos. Porém, tudo depende dos segredos no preparo, não só do frescor do ingredientes. Com dois discos, "Samba de Gringo - Vol.1" e "Vol.2", alcançaram uma arriscada mas bem-sucedida fórmula de manipulação da música. O frenesi do Jazz aterriza confortável sob a malemolente marcação do Samba. Dialogam e se entendem como velhos amigos. Adaptações e experimentações ditam o teor da longa prosa. Músicas de grandes compositores em versões instrumentais de rara qualidade, gravadas ao vivo, ao estilo old-school. Um prato cheio aos apreciadores da fértil improvisação, do feeling apurado, de excêntricas harmonias. Coisa fina, do início ao fim! Ouçam até cansar, descansem ouvindo e depois comprem o CD. Vale a pena.....

Nenhum comentário:

Postar um comentário