segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

A MÚSICA QUE EMBALOU O NASCIMENTO DO GREENPEACE.......

JONI MITCHELL, JAMES TAJLOR & PHIL OCHS – AMCHITKA - THE 197O CONCERT - No dia 16 de outubro de 1970, Joni Mitchell, James Taylor e Phil Ochs, realizaram um Concerto gratuito no Pacific Coliseum de Vancouver. Esse show histórico seria o embrião do que viria a se transformar em poucos anos na maior e mais conhecida organização de defesa do meio ambiente do mundo, o Greenpeace. O registro deste show foi recuperado e lançado recentemente em um CD duplo chamado “Amchitka – The 1970 concert that launched Greenpeace”.
Não é preciso gostar de folk music ou ser um sócio da entidade ambientalista para apreciar as 25 canções que evocam uma época hoje vista como ingênua, mas que mantêm certo frescor em meio ao cinismo político dos dias atuais. O show foi organizado quase que de uma hora para outra com o fim de arrecadar fundos para alugar um barco que levaria um grupo de ativistas para uma viagem quase suicida ao arquipélago das Aleutas, no Mar de Bering, entre o Canadá e a então União Soviética. O objetivo era evitar uma série de testes nucleares programados pelo governo americano perto da ilha de Amchitka. O temor muito disseminado na época era de que os testes poderiam desestabilizar geologicamente a região e provocar um desastre de grandes proporções, incluindo gigantescos tsunamis. A Ilha também era o santuário de lontras marinhas, cuja sobrevivência poderia ser ameaçada pela radiação provocada pelas explosões subterrâneas. As músicas do CD captam bem o clima de “paz e amor” da época, mas não escondem o ambiente político sombrio causado pelo apogeu da Guerra Fria. Alguns dias antes do show o primeiro-ministro canadense Pierre Elliott Trudeau decretou lei marcial, depois de uma série de ataques terroristas perpetrados por um grupo separatista de Quebec. As liberdades civis foram suspensas, mas a apresentação aconteceu assim mesmo. Phil Oaks não deixou passar esta tensa contradição e antes de tocar a música “Rhythms of Revolution” lembrou que “não era todo dia que se podia tocar em um Estado policial”. A plateia veio abaixo, como o CD registra tão bem. Outro dado interessante é que as músicas foram recuperadas do formato mono original pelo produtor Peter J. Moore. Ele teve o cuidado de aplicar o mínimo de truques de estúdio, de forma que o CD consegue manter muito da vibração original, sem perder qualidade. A juventude das vozes de Joni Mitchel, Phil Oaks e James Taylor são mantidas e mesmo pequenas imperfeições, microfonias até uma que outra desafinação ajudam a manter o clima e dar um toque de verdade que falta nos ultra-remasterizados e editados lançamentos atuais.Alguns pontos altos do CD, na minha opinião, são Phil Oaks e sua já citada “Rythms of Revolution”, James Taylor cantando sua já então clássica “Fire and Rain” e “Something in the way she moves” (que teria inspirado o primeiro verso de “Something”, de George Harrison), além do duo improvisado entre Joni Mitchell e James Taylor para “Mr. Tambourine Man”. O show termina com uma interpretação coletiva de “The Circle Game”, clássico de Mitchell.

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