quinta-feira, 22 de outubro de 2020

UM DISCO INCRÍVEL, UMA HISTÓRIA IMPRESSIONANTE....,

DIZZY GILLESPIE NO BRASIL COM TRIO MOCOTÓ - 1974 - É claro que quando Gordurinha e Almira Castilho compuseram aqueles versos, famosos na voz de Jackson do Pandeiro: "eu só boto Bebop não meu samba / quando o Tio Sam tocar num tamborim / Quando ele pegar no pandeiro e na zabumba / Quando ele aprender que o samba não é rumba", nenhum dos três na segunda metade da década de 50, imaginavam que haveria na história da música uma resposta à altura daquele deboche gostoso.
O contra-ataque não manteve o tom sarcástico da canção brasileira, mas foi profundamente instigante do ponto de vista musical. No ano de 1974, a lenda do Jazz norte americano, Dizz Gillespie, que também era conhecido por lançar artistas de diferente ritmos e nacionalidades nos Estados Unidos decidiu vir ao Brasil para gravar um disco com ritmistas brasileiros. Para que a obra fosse concebida, o Trio Mocotó foi convocado e assim o disco acabou se materializando de forma live, numa jam estonteante.. Não se sabe muito bem como ou porque as gravações nunca foram lançadas. O disco só foi ser encontrado em 2008 pelo produtor suiço Jacques Muyal, amigo do trompetista, que se encarregou da reconstituição da ficha técnica da gravação. Para a tarefa, ele contou com a ajuda do pianista Mike Longo, integrante da banda de Dizzy, e do jornalista musical Jotabê Medeiros. Assim em 2010, o o álbum histórico foi
finalmente lançado pela Biscoito Fino, o disco ficou perdido por 35 anos e foi gravado em uma única sessão de 8 horas ininterruptas no estúdio El Dorado, em São Paulo. São 6 longas faixas de experimentação musical, em que novas composições trazidas por Dizzy Gillespie foram arranjadas por João Parahyba (percussão), Nereu Gargalo (pandeiro) e Fritz Escovão (cuíca), o Trio Mocotó. Encaradas como uma espécie de pesquisa musical, as faixas trazem o trompete de Dizzy a passeando livremente sobre o ritmo frenético do Trio Mocotó, na criação do que poderia se chamar de sambabop. No geral, uma proposta inusitada e inovadora, com grandes músicos reunidos, celebrando a boa música. Indispensável!

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