
"O único som mais bonito do que o ECM é o silêncio ", frase do produtor e fundador do selo, Manfred Eicher, que reflete com exatidão o papel da lendária gravadora -
Jazz Contemporâneo – ECM Records. É uma gravadora ousada, que de tão ousada e refinada, chega a ser inaudível, algumas vezes.
É preciso estar acostumado a ouvir o novo e na maioria das vezes, o belo e requintado, ao ouvir os discos da ECM.Nomes como: Keith Jarrett , John Abercrombie, Jan Garbarek, Chick Corea, Gary Burton, Jack DeJohnette, Anouar Brahem, Dave Holland, Pat Metheny, Ralph Towner, Terje Rypdal, Steve Kuhn, Art Ensemble de Chicago entre outros já gravaram pela ECM
Não seria totalmente impreciso descrever a gravadora de jazz alemã ECM como “a casa que Keith Jarrett construiu”. Afinal, o álbum de 1975 do pianista The Köln Concert vendeu impressionantes três milhões e meio de cópias e, sem dúvida, ajudou a estabelecer - financeiramente e esteticamente - a impressão de Manfred Eicher, baseada em Munique. Mais do que isso, o sucesso de Jarrett transformou o ECM em um grande concorrente no mundo do jazz, e os melhores álbuns do ECM revelam um compromisso surpreendente com o controle de qualidade que mais do que garantiu seu lugar no panteão do jazz.
Mas enquanto Jarrett, que gravou pela primeira vez para a empresa no final de 1971 e, 48 anos depois, ainda grava para ela, teve um grande papel a desempenhar no sucesso da gravadora, foi o produtor Manfred Eicher cuja visão tornou a ECM uma realidade. Lançando a empresa em novembro de 1969 (com o álbum Free at Last do pianista americano Mal Waldron ), ele firmemente transformou a ECM em uma das gravadoras mais exclusivas do jazz, com som, estilo e aparência distintos.
Em 2020, a ECM segue firme na vanguarda do jazz contemporâneo e nesses seus 51 anos de atividades, o selo foi responsável pela gravação de g mais de 1.600 álbuns. mantendo um padrão excepcional, em matéria de exigência e refinamento, como aquele que se lê, obrigatoriamente, nos rótulos dos grandes vinhos alemães: “Qualitätswein mit Prädikat” (vinho de predicado ainda superior ao “vinho de qualidade”).
O acervo da ECM inclui – digamos assim – jazz propriamente dito, como os melhores registros de Keith Jarrett, Charles Lloyd, Chick Corea, Carla Bley, Pat Metheny e Paul Motian. E também “música erudita” de compositores como o “minimalista” Steve Reich, Arvo Pärt, Meredith Monk e Giorgy Kurtág. O motto da etiqueta de Eicher é ‘‘The Most Beautiful Sound Next to Silence’’.
O primeiro registro fonográfico da ECM foi feito em 2 de novembro de 1969: o LP Free at Last do trio de Mal Waldron (1925-2002), pianista muito original, e que foi parceiro do requintado saxofonista soprano Steve Lacy (1934-2004).
No anúncio do concerto festivo deste fim de semana no JALC lê-se: “Os artistas que se apresentam no ECM Records at 50 são algumas das figuras mais respeitadas e ambiciosas na música contemporânea e criativa, e a associação íntima deles com a prestigiosa gravadora não é coincidência”. Dentre esses músicos, estarão hoje no palco do Rose Theater: o baterista Jack DeJohnette (“o mais gravado artista da ECM”), Ravi Coltrane, Avishai Cohen, Bill Frisell, Matthew Garrison, Egberto Gismonti, Larry Grénadier, Vijay Iyer, Ethan Iverson, Anja Lechner, Meredith Monk, Enrico Rava, Wadada Leo Smith, Craig Taborn e Mark Turner.
A famosa revista Downbeat sublinha que ‘‘a acústica e o processo de gravação têm sido sempre as preocupações centrais’’ de Manfred Eicher. E acrescenta: ‘‘A estética de Eicher inclui uma paisagem sônica de pureza, o uso judicioso do silêncio e uma insistência em gravar ‘ao vivo’, evitando takes excessivos, overdubbing ou outros truques de produção’’.
Do lote de álbuns de jazz novos lançados pela ECM em 2019, o ano do cinquentenário destacam-se Trio Tapestry, do trio do saxofonista Joe Lovano com a pianista Marilyn Crispell (19/1); Imaginary Friends, do quinteto liderado pelo trompetista Ralph Alessi e pelo saxofonista Ravi Coltrane (9/2); Epistrophy, com o duo Bill Frisell (guitarra) -Thomas Morgan (baixo), gravado ao vivo no Village Vanguard (20/4); La Misteriosa Musica della Regina Loana, em duo com o clarinetista Gianluigi Trovesi e o acordeonista Gianni Coscia (29/6); Roma, registro do quinteto Enrico Rava (trompete)-Joe Lovano (sax tenor) feito ao vivo, em novembro do ano passado, no Auditorium Parco della Musica, na capital italiana. Fonte: Luiz Orlando Carneiro...
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