sábado, 8 de junho de 2019

STONE THE CROWS : UMA BANDA FANTÁSTICA MARCADA PELA FATALIDADE


                          
O Rock do final dos anos 60 e da década de 70 está repleto de histórias envolvendo bandas magníficas que por um motivo ou outro acabaram não tendo o reconhecimento merecido. Entre tantos nomes, cito o grupo Stone The Crows que tinha um imenso potencial e podia tranquilamente figurar ao lado de gente como Led Zeppelin, Rolling Stones, Bad Company, Ten Years After, só para citar alguns, mas a fatalidade e a falta se sorte acabaram impedindo que eles se tornassem estrelas maiores do rock,n,roll apesar da qualidade inegável do seu som.O Stone The Crows foi uma banda de Rock com elementos do Blues, da Soul Music e até mesmo do Som Progressivo , surgida por volta de 1969 na Escócia. Eles tinham tudo para estourar desde i início de sua trajetória: uma cantora magistral chamada Maggie Bell, um ótimo guitarrista, uma seção rítmica espetacular e Peter Grant, o empresário do Led Zeppelin como produtor da banda.
O grupo estreou com seu primeiro álbum em 1970. O disco, homônimo, conta com várias músicas de outros compositores assim como os vocais divididos entre Maggie Bell e o tecladista John McGinnis. Além destes, a banda era formada por Jim Dewar no baixo, Colin Allen na bateria e Leslie Harvey na guitarra. Alias, Leslie (Les) era o irmão mais novo do cantor Alex Harvey, da maravilhosa Sensational Alex Harvey Band (mas isto é para outra coluna).
  Apesar de muito interessante, Stone the Crows acabou não alcançado o sucesso esperado. Este disco conta com uma cover de Danger Zone do fundamental Curtis Mayfield, ídolo de Maggie. Em seguida, o grupo entrou em estúdio para gravar Ode to John Law, que recebeu maior destaque nas rádios, e focava o repertório em composições próprias, ao contrário da estreia. Os destaques são a ótima Things are Getting Better e Mad Dogs and Englishman, homônima do disco do Joe Cocker.
  Como a banda ainda não havia decolado, apesar do bom destaque do segundo álbum, tanto Dewar quanto McGinnis deixaram o grupo dando lugar para o baixista Steve Thompson além do tecladista Ronnie Leahy.
  As mudanças se mostraram muito interessantes. Teenage Licks, o terceiro álbum, lançado em 1971, exibiu uma banda segura, coesa e contando com grandes canções. O disco é excelente do começo ao fim, com destaque para Big Jim Salter, One Five Eight (ironicamente composta por McGinnis) além de um ótimo cover de Bob Dylan, Don't Think Twice (é impressionante como tantas bandas fazem excelentes versões para as obras primas de Dylan). Sem dúvida, mais uma grande homenagem ao homem.
  Teenage Licks apresentou a banda ao sucesso. Maggie está cantando como nunca neste álbum, que também traz Les Harvey mandando ver na guitarra além da ótima linha de baixo de Thompson. Alias, Maggie foi eleita como a cantora do ano pela revista Melody Maker. Nesta altura, a banda já excursionava com nomes como David Bowie, T. Rex, Frank Zappa, Roxy Music e MC5, entre outros.
  Porém nem tudo eram flores na vida do Stone the Crows. Em 3 de maio de 1972, durante um show no Swansea's Top Rank Ballrom, a banda sofreu com uma tragédia: Les Harvey morre eletrocutado quando toca simultaneamente no microfone e na guitarra. A tragédia abalou para sempre os integrantes da banda que jamais se recuperaram da perda de seu guitarrista. Cinéfilos devem ter lembrado da cena, que foi recriada no filme Quase Famosos, de Cameron Crowe. No filme, no entanto, o guitarrista não morre. A vida é bem diferente no cinema.
  Para terminar a turnê, a banda recebeu o apoio de Steve Howe (sim, o exímio guitarrista do Yes). Eles ainda tentaram recrutar outro músico, Peter Green do Fleetwood Mac, porém este, apesar do bom entrosamento, acabou não ficando com o Stone the Crows. Nesta fase, eles já estavam gravando seu quarto álbum. Para terminá-lo (Harvey já havia gravado 6 faixas), o grupo decidiu chamar o guitarrista Jimmi McCulloch. Apesar de conseguirem terminá-lo, Ontinuous Performance não repete o êxito de Teenage Licks. O álbum é interessante, porém não possui a força do anterior e a banda acaba se separando no inicio de 1973.
  Maggie Bell ainda se aventurou em uma carreira solo, lançando os discos Queen of the Night e Suicide Sal, ambos de relativo sucesso. Além disto, ela participou de shows com a banda funk (ops!) Eart Wind and Fire. Por fim, Maggie ainda fez parte de algumas sessões de gravações com o produtor do Cream e baixista do Mountain, Felix Pappallardi, porém estas sessões ficaram perdidas em algum lugar e jamais foram lançadas. Ouvindo Maggie Bell é impossível não se lembrar da cantora Janis Joplin, porém o som da banda lembra muito mais o Faces, do também cantor rouco Rod Stewart (além do pré-stone Ronie Wood).
  Todos os discos do Stone the Crows foram relançados em CD em 1997 pela Repeirtore Records, podendo ser encontrados com facilidade. Quanto aos vinis, certamente são bem mais difíceis. Assim como o legendário Lynyrd Skynyrd, o Stone the Crows teve sua carreira interrompida por uma tragédia, exatamente no seu melhor momento, deixando sem duvida um belo legado ao mundo do bom, velho, às vezes trágico, mas sempre apaixonante rock and roll. Texto: Scream & Yell.

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