quinta-feira, 22 de março de 2018

DEPOIS DE 50 ANOS, GERALDO VANDRÉ VOLTA AOS PALCOS NESTA QUINTA


       
- O lendário cantor se apresenta com orquestra sinfônica em João Pessoa - 

Desde de 1968 que praticamente não canto no Brasil, canto aqui porque é a Paraíba”. Geraldo Vandré foi enfático, em rara entrevista nesta quarta-feira (21), ao afirmar que só volta aos palcos após 50 anos para prestar uma reverência ao seu estado natal e honrar um compromisso firmado com a Paraíba. O cantor de 82 anos se apresenta na sala de concertos do Espaço Cultural José Lins do Rego, em João Pessoa na quinta-feira (22) e sexta-feira (23), com a Orquestra Sinfônica da Paraíba e a pianista Beatriz Malnic.
Em pouco menos de 30 minutos, jovens, adultos e idosos esgotaram as cargas de ingressos distribuidos gratuitamente para os dois dias de shows, custeados pela Secretaria de Cultura da Paraíba (Secult) na manhã desta quarta-feira. A capacidade da sala é de 570 pessoas, de acordo com a Secult. O secretário de cultura da Paraíba, Lau Siqueira, explicou que o cantor abriu mão do cachê e que o estado arcou com os custos da realização.
Ainda lúcido, a voz vacilante em alguns momentos, Geraldo Vandré falou por cerca de uma hora a jornalistas de veículos de comunicação da Paraíba e de outros estados do Nordeste sobre o porquê de voltar aos palcos.
Com um boné que faz menção às Forças Armadas e recitando em determinado momento um poema anotado em um cartão da FAB, meia década depois, o paraibano precisou responder mais sobre política do que sobre a própria obra, tendo em vista a pouca produção artística posterior a 1968, quando decidiu parar a carreira, após o Ato Institucional nº 5, durante o regime militar. “Fiz canções no Brasil de 1961 até 1968. Eu tenho um produção musical que é anterior a 1968, até esse acontecimento fatídico, revolucionário”, comentou.
Em um outro momento, ao ser questionado sobre ter um posicionamento de esquerda ou de direita, o cantor usou uma metáfora como resposta.
A proposta do retorno aos palcos 50 anos depois, na Paraíba, surgiu em uma conversa do Governo do Estado com Geraldo Vandré durante o festival de cinema Aruanda, no final de 2015, quando o cantor não retornava ao estado onde nasceu fazia 20 anos.
“Geraldo está doando esse show à Paraíba, é mais um ato de subversão. Custeamos a estrutura, a viagem. É um presente à Paraíba e ao Brasil, e um tapa no mercado fonográfico”, destacou o secretário de cultura Lau Siqueira, ressaltando também que muitos artistas vêm ao estado e cobram valores vultosos para apresentações gratuitas à população, bancadas pelo poder público.

Show de Geraldo Vandré em João Pessoa
A apresentação vai acontecer em dois momentos, no primeiro, um recital de poemas do próprio Vandré em um composição com a pianista Beatriz Malnic. A segunda parte do retorno de Vandré acontece com a ajuda da Orquestra Sinfônica da Paraíba e o Coro Sinfônico da Paraíba. De acordo com o maestro Luiz Carlos Durier, o repertório é composto por quatro músicas de autoria de Vandré, mas com arranjos próprios da música clássica.
 Apenas uma delas é mais conhecida do grande público, o clássico "Pra Dizer Que Não Falei das Flores", ou como é chamada popularmente “Caminhando e Cantando”. As demais do repertório, Fabiana, música feita em homenagem à Força Aérea Brasileira (FAB); Mensagem, homenagem à bandeira da Paraíba; e Pátria Amada Salve Salve, de teor nacionalista, completam a parte orquestrada da apresentação.
O maestro Luiz Carlos Durier confidenciou que o repertório foi determinado pelo próprio Vandré e que "Disparada", outro clássico, sem tanta força política, por opção do cantor paraibano não foi contemplada nesse show carregado de simbologia. “Particularmente, fiquei triste, pois Disparada é uma canção harmonicamente muito forte, além de ter uma letra marcante, que toca na alma, mas foi uma condição dele”, explicou Durier.

Por André Resende, G1 PB, João Pessoa


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