quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

O DISCO QUE REVOLUCIONOU A MÚSICA ARGENTINA



No mundo da música existem determinados discos que possuem uma importância imensa, sendo considerados até mesmo revolucionários, tanto em razão de sua concepção artística como histórica. Um claro exemplo disso é o álbum “Libertango” lançado por Astor Piazzola em 1974 e que alterou profundamente os caminhos da música argentina. Trata-se de um trabalho belíssimo que explorou como ninguém os limites do tango, chegando a alcançar o jazz e até uma sonoridade de rock. Por causa desta foram visionária de se compor tango, Piazolla chegou a ser alvo de muitas críticas em seu país, mas, na música, o pessoal sempre acaba se dividindo entre a tradição e a inovação.
Se você quer ouvir tango, nada mais nada menos que tango, com certeza “Libertango” não é o disco indicado, mas se você estiver afim de uma música livre, ousada, carregada de sentimento e amparada pelo sabor do universalismo, este trabalho foi feito de encomenda, sem esquecer que ele é uma eterna obra de arte. Maravilhoso.
Desnecessário dizer que Astor Piazzolla, teve que ouvir muitas vezes que "o que ele fazia não era tango". A verdade é que não precisava ser. Piazzolla cresceu ouvindo tango e estava muito perto de figuras como Carlos Gardel ou Aníbal Troilo em cuja orquestra ele tocava com apenas 18 anos, mas seu treinamento acadêmico estava focado no classicismo estudando com os melhores professores de sua época. Além disso, sua carreira correu paralelamente ao desenvolvimento de um gênero como o jazz, a música que o excitava e cuja influência não poderia ser meramente taxada de estrangeira.
O palco mais popular e provavelmente também o mais criativo aconteceu durante os anos em que ele liderou seu famoso quinteto, uma formação que mais tarde se reforçou em muitos momentos por uma seção de cordas. Em frente a uma dessas formações, ele gravou o álbum que estamos abordando que é o famoso . "Libertango" que acabou sendo criado em uma fase de fertilidade especial do músico argentino que, depois de sofrer um ataque cardíaco alguns meses antes, mudou-se para a Itália, onde começaria seu período mais experimental em que ele iria se aventurar por todas as influências mencionadas (clássico e jazz ) e mesmo com algum rock. O interessante do "Libertango", além de sua qualidade intrínseca e a difusão que alcançaria a composição que resultou no título do registro, foi o sucesso obtido internacionalmente (isto é, fora da Argentina).Isso criou muitas das críticas ao país que o acusou de fazer algo diferente do tango, um substituto distorcido, repensar essa posição e começar a olhar Piazzolla com diferentes olhos.
Para gravar "Libertango", Piazolla se cercou com alguns dos melhores músicos de estúdio do momento da cena italiana (muitos do mundo do jazz). Seria lógico duvidar da adequação destes para interpretar uma música com uma raiz tão sólida em um estilo folclórico do outro lado do Atlântico, mas se considerarmos o álbum como uma fusão entre diferentes estilos, como um passo em frente na busca de um trabalho que transcender as barreiras de um gênero específico, a escolha de músicos estranhos à tradição tanguista é revelada como um grande sucesso. Tocaram no álbum: Felice da Via (piano, órgão de Hammond), Gianni Zilioli (Hammond, marimba), Marlene Kessik, Hugo Heredia e Gianni Bedori (flautas), Presti Pino (baixo), Tullio de Piscopo (bateria e percussão) Filippo Dacco (guitarra elétrica), Andrea Poggi (timpani, percussão) e uma pequena seção de cordas liderada pelo famoso maestro e sobrinho do grande pianista Arturo com quem compartilha os sobrenomes: Umberto Benedetti Michelangeli (violino).
O legado de Astor Piazzolla é imenso e o torna um dos artistas mais importantes dos últimos tempos, afinal foi graças a. Libertango que o mundo se voltou para a Argentina e passou a olhar para a sua música com outros “olhos”

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