
Peter Green é uma lenda, um guitarrista imensamente talentoso que teve sua carreira atrapalhada pelas drogas.
Aos 15 anos Peter Greenbaum foi convidado para tocar com o tecladista Peter Bardens e encurtou o sobrenome judeu.
Aos 19, quando Eric Clapton tirou férias da Bluesbreakers, Peter pediu uma chance ao John Mayall e conseguiu. Clapton voltaria para o lugar mas 6 meses depois sairia de vêz e Peter reassumiu. Na Bluesbreakers ele conheceu Mick Fleetwood e John McVie e os chamou para formar a Fleetwood Mac junto com o Jeremy Spencer e o Danny Kirwan. Sob seu comando a Fleetwood era uma consistente e respeitada banda de blues com um som levado por 3 guitarras. Contudo, o uso abusivo de LSD começou a mostrar seus efeitos e Peter tornou-se extremamente religioso, passou a subir ao palco vestindo túnicas e ostentando vários crucifixos e ainda tentava convencer os demais a doarem os cachês para caridade. Profundamente atormentado, ele abandonou a banda no início de 70 e lançou um disco solo: The End of The Game. Muito embora as passagens de guitarra desse disco sejam magistrais, ele é disconexo e incoerente, reflexo da própria condição mental.
Após esse disco Peter abandonou tudo. Trabalhou como coveiro, em bar, em hospital e morou numa comunidade israelita. Em 77 o empresário da Fleetwood lhe enviou um polpudo cheque referente aos direitos sobre a execução de suas músicas; ele ficou furioso e foi mandar o cara prá aquele lugar de espingarda na mão, que não estava carregada, graças à Deus. Foi prêso e transferido para uma instituição mental.
Em 79, com o estímulo de velhos amigos, ele voltou. Gravou o ótimo álbum In The Skies na companhia de Peter Bardens, do baterista do Robin Trower, Reg Isidore e de um grande admirador e imitador, o guitarrista da Thin Lizzy, Snowy White. Algumas más línguas espalharam que o Snowy é quem tinha feito todos os solos, que Peter estaria muito debilitado para tocar mas não é verdade, Snowy sola apenas na faixa 1.
Nos anos 90 o Peter sumiu de novo. Fez tramento com medicação pesada e voltou no final da década com uma nova banda, a Splinter Group. Eles têm lançado discos de estúdio e ao vivo com um certo intervalo e todos têm recebido ótimas críticas.
Como história pouca é bobagem, a guitarra dele também tem. Um dia Peter levou sua Gibson Les Paul para uma manutenção de rotina e os caras montaram o captador da ponte ao contrário. O resulatado foi um timbre único que casava direitinho com sua voz suave. Ele adorou e nunca mais mudou. Quando decidiu largar tudo, ofereceu a guitarra à um grande fã, o Gary Moore. Gary disse que não podia pagar por ela e Peter a deu de graça dizendo: cuide bem dela prá mim. Não consta que tenha devolvido.
O INÍCIO, A GLÓRIA E A DECADÊNCIA
Peter Allen Greenbaum descobriu a guitarra aos dez anos, quando um de seus irmãos trouxe para casa uma velha guitarra e ensinou-lhe alguns acordes. A partir daí a guitarra tornou-se sua companheira inseparável, sendo influenciado por Hank B. Marvin do importante e bem sucedido grupo britânico ‘The Shadows’; pelos guitarristas de blues Muddy Waters e BB King, e algumas canções antigas de Israel cantadas pelos pais. Nascido em Bethnal Green, East London, Inglaterra, no ano de 1946, Peter era o caçula de quatro filhos de Joe e Ann Greenbaum. Aos quinze anos adotou o nome Peter Green e começou a tocar em várias bandas amadoras até ser convidado, em 1966, pelo tecladista Peter Bardens para tocar em sua banda ‘Peter B's Looners’. Três meses depois teve a oportunidade de ocupar, em três shows, o lugar de Eric Clapton na banda ‘John Mayall & the Bluesbreakers’ para em seguida ser contratado em tempo integral.
Peter Green fez sua estréia com o álbum ‘A Hard Road’, que apresentava duas composições suas: ‘The Same Way’ e ‘The Supernatural’. Da mesma forma que Clapton estabeleceu sua reputação de guitarrista extraordinário e que durante os shows, o público gritava enlouquecido 'Give God a solo!', surgindo assim o grafite nos muros e metrôs de Londres: ‘Clapton is God!’, Peter Green ganhou o apelido de ‘The Green God’ por suas interpretações do blues. Em 1967, Green decidiu formar sua própria banda de blues, e deixou o grupo de John Mayall depois de aparecer em apenas um álbum, assim como Clapton tinha feito. A nova banda, foi originalmente anunciada como ‘Peter Green's Fleetwood Mac’, e era composta por Mick Fleetwood e John McVie, que como Green, tinham também tocado na banda de Mayall. Green foi o líder do grupo ao longo do seu período inicial de sucesso na década de 1960, tocando blues clássicos e algum material original.
Após o lançamento do álbum ‘Albatross’ e seu conseqüente sucesso e holofotes, Peter Green mudou drasticamente com o uso e abuso de LSD, deixou a barba crescer e começou a detestar a fama e a fortuna que tinha adquirido, tornando-se extremamente religioso, aparecendo no palco usando crucifixos e túnicas esvoaçantes. Em uma turnê pela Europa, em Munique, exagerou na dose de LSD e segundo suas próprias palavras: fez uma viagem sem volta. Ao declarar que tinha tido a visão de um anjo segurando em seus braços uma criança faminta de Biafra, propôs à banda que eles só mantivessem o que era absolutamente necessário financeiramente e que o resto do dinheiro fosse dado às instituições de caridade. Confrontado com a recusa dos integrantes para doar todos os ganhos monetários, Peter Green decidiu abandonar a banda em 1970, mas não antes de escrever 'Green Manalishi’, um documento da luta para impedir a sua descida à loucura, e realizar o seu último show como membro, época em que a banda chegou ao topo das paradas tocando um rock pop. Era de Green a música ‘Black Magic Woman’, que foi posteriormente regravada por Santana. Ele ainda gravou o álbum solo ‘The End of the Game’, e durante este período vendeu sua ‘Sunburst Gibson Les Paul Standard’ para o guitarrista irlandês Gary Moore.
Sendo, logo em seguida, diagnosticado com esquizofrenia, uma doença mental comumente caracterizada por alucinações e paranóia, passou algum tempo na escuridão de hospitais psiquiátricos submetido à eletroconvulsoterapia, que o deixava letárgico e em estado de transe, para em seguida desaparecer na obscuridade e cair no esquecimento. Em 1977, foi preso por ameaçar seu contador com uma espingarda. Depois desse incidente, mais uma vez, ele foi enviado para uma instituição psiquiátrica em Londres. Ressurgiu no início de 1980 e sofreu uma recaída em 1984 e viveu a vida de um indigente, recluso durante seis anos em um manicômio, até que foi resgatado por seu irmão Len e sua esposa, indo viver com eles. A volta de Peter Green deu-se em 1990, com a banda ‘Peter Green Splinter Group’, e com o apoio dos amigos Nigel Watson, guitarrista do ‘Fleetwood Mac’ e Cozy Powell baterista que fez seu nome com várias bandas de rock importantes, dentre elas o ‘Black Sabbath’. O grupo lançou nove álbuns entre 1997 e 2004, quando Green deixou a banda e mudou-se para Suécia. Pouco tempo depois ele se juntou a ‘The British Blues All Stars’, cuja turnê em 2005 foi cancelada após a morte do saxofonista Dick Heckstall-Smith. Ao mesmo tempo, a concentração foi ficando difícil para Peter Green devido a medicação que tomava para tratar seus problemas psicológicos, o que foi minando o seu desejo de tocar uma guitarra. Com uma nova banda, a ‘Peter Green and Friends’, voltou em 2009. Dos blogs williesaid e pintando música...
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